quarta-feira, 1 de janeiro de 2014
Um Ser Humano Completo, Um Amante Desfeito (Pedro Drumond)
Um Ser Humano Completo, Um Amante Desfeito
(Pedro Drumond)
A vida nova pode estar prestes a começar,
Mas eu sempre faço questão de pisar no meu próprio calo,
Salgar a minha ferida e fazer da minha maior cicatriz
Um novo machucado. O que pretendo com isso?
Retornar... Sim, retornar...
Retornar ao passado e ao amor primeiro
Que me fez outrora um ser humano completo
E em outras eras um amante desfeito.
Fico vislumbrando sua imagem, meu querido,
Que preservo comigo por onde quer que eu vá,
Sabendo penosamente que a minha evolução pessoal extirpa
O efeito catastrófico que antigamente tu tinhas sobre mim.
Como é triste ser triste sem lágrimas para chorar.
Como é triste o amor ter sido gerado numa alma,
Cujo útero é estéril como o meu.
Nessa minha compulsão febril
Por ter estancada a frieza do meu ser,
Eu sempre hei de amar, amar desvairadamente,
Mesmo que incapacitado de sofrer
Ou um dia ser feliz, ganhando algo por isso.
O que trago na alma é uma tristeza morta
A qual sempre recorro para lembrar-me
Do sentido da minha vida e da razão pela qual
Ela estará isenta de princípio.
Posso ter daqui por diante
Caminhos gloriosos, caminhos depreciantes.
Não importa! Já disse uma vez que o amor
Fez de mim uma ilusão torta
E uma presença sempre infinita.
Posso eu, portanto, passar
Por inúmeros recomeços, novas vidas,
Mas o meu amor por ti, o meu querido segredo,
Esse jamais termina por si só...
Sempre há de me assombrar
Meu amor por ti, meu querido segredo,
Jamais termina e nem há de começar!
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