quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Os Abismos da Vida (Pedro Drumond)





Os Abismos da Vida (Pedro Drumond)
O sábio que desvenda os mistérios da vida
Assim como da alma do homem,
Consegue se iludir com o que lhe for mais inverosímel
De maneira que suas dúvidas se consomem.

Já o simples amante que possua
A nobre capacidade de amar
E a triste incapacidade de ser
Aquilo que tanto deseja, tendo o que lhe apraz,
Ao ser questionado se vale a pena de amor sofrer
Ele afirma que está disposto a sofrer ainda mais.

Agora se formos falar do poeta
Rejubilado ao poder falar às pessoas
E ter a sua poesia ouvida dos cantos mais desolados,
Como do deserto do Saara aos mineiros do norte do Chile,
Como do Estreito de Ma­ga­lhães aos tosquiadores de ovelha do Caíro,
Situados num galpão com cheiro de lã suja, suor e solidão,
Temos que nos lembrar, como Neruda o fez,
De que Deus são todos, algumas vezes. E nada, sempre!

Eu, quem amo as ciganas, os mistérios,
Eu, quem nesses segundos que me ocorrem,
Matuto sobre o meu destino
- para onde me levarão os abismos da vida? -
Eu, quem vez ou outra encontro algo desconhecido,
E acabo escutando que "Grandes coisas,
Assim como a pequena felicidade,
Estão a minha espera com toda certeza",
Concordo que deveria viver mais,
Se não houvesse aceito a proximidade da morte.
Apenas não ter existido um dia é a maior das tristezas!

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