segunda-feira, 4 de junho de 2012
Mistério (Pedro Drumond)
Mistério (Pedro Drumond)
Não é de se estranhar que fosse madrugada
Quando, farta do seu penar, despertou minh'alma
Previsivelmente eu não detinha mais resistência
Passei a fala da vez à essência
Que mistério será esse que tanto venho calhado?
Só por fugir-me a compreensão, seria de fato mistério?
Que haverá no homem enquanto ser
Que lhe imprime um caráter nunca antes sentido?
Minha alma pôde confundir-se una ao amor
Haveria então de fragmentar um coração já partido?
Mas o que segreda-se numa certa presença
Que nos arremata para tão profundo íntimo
Já que meu mundo ilustrado vive num ser fora do retrato?
Sinto tanto, não menos nada sinto
Que sentirá, portanto, a vida quando nos repara - nós, meros abrigos!
Amor, que tanto voa e dos céus tem descido
Amor que por amor trás a dor que encontrou no caminho
Amor que para também não encontrar a solidão
Fez de mim um ser de coração
Amor que de tão interior não viu melhor forma de me matar
Amor, o verdadeiro amor, encontrado por mim na forma de rubra rosa
Se tal rarefeita rosa é sublime nas camadas outrora gastas por mim
Imperará doravante sua vida sobre solo desértico?
Por isso não temo mais a morte - assim sentindo e assim fazendo sentir -
Talvez seja-me mais provável esbarrar com Deus no inferno...
Mistério?
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