segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Filha do Sr. Drumond (Pedro Drumond)



Filha do Sr. Drumond
(Pedro Drumond)

Vim a este mundo na procura de um desconhecido
Certo dia tive eu a mais remota impressão de que determinado ser,
Cujo segredo não se revelou, fosse o escolhido a apropriar-se de algo
Que há tempos trazia comigo - Algo chamado Amor
Mas... bem, isso não passou de mais uma ilusão
E desse vão, meu caro, confesso, custei a desiludir

Pois quando em seu caminho trilhei
Ao mundo de onde parti, cá voltei,
Com uma criança que vivia perambulando por aí
Portanto eu a trouxera junto a mim, fizera dela minha filha
A batizando com muito carinho e delicadeza

Apresento-lhes aqui a nossa amiguinha
Já digo de cara que essa é de longe
A melhor que pude ter como filha
- Ora menina, deixa de besteira!
Diga a todos um "Olá!"
Anda menina, vê se responde! (Ai, meu Deus!)
O seu nome pro titio, depressa, lhe conte!

- Qual o seu nome, minha princesa?

- Prazer, Tio, sou filha do Sr. Drumond.
Me chamo Tristeza!

Balé da Tristeza (Pedro Drumond)




Balé da Tristeza
(Pedro Drumond)

E se viver foi uma grande mentira
Que a morte seja a conviva mais querida
E se a dor foi tudo de melhor que pude receber
Por um dia só ter dado amor
Não há mais argumentos a serem ditos
Por aqui não há mais o que fazer

Mas não se surpreendas quando de mim se lembrares
Pensar que fui tal qual o rio
Trasbordando um amor vadio que às pedras vivesse acariciando
Enquanto a correnteza de sua pessoa, meu amado
No balé da tristeza vivesse às espreitas
Com outras tantas demais sereias
Ordinariamente se agarrando

E não se surpreendas, pois se na eternidade te espero
Vivo hoje como um silêncio gélido
E se pensares em voltar um dia para me buscar
Este pobre caco ao chão não haverás de encontrar
Não haverá nova vez para nele pisotear
Saberás então que fui varrido pela compaixão da vida

Vida essa que não suportou permanecer-se quieta
Observando o quanto eu vinha me definhando
Portanto generosamente restitui-me o coração
Oferecendo-me outro mais intacto, puro, belo
Mas essa minha alma que já era há um tanto cicatrizada
Fez-me ir logo me retratando
Não querendo ser um ingrato confessei
Por desencanto ainda te espero

Estive por aqui de volta
E nas vielas desse mundo permaneci te procurando
Morte certa mesmo seria banhar-me do sol
Sem sequer poder estar te contemplando, venerando
Sem poder viver o restar dos meus dias simplesmente te amando!

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Versos Truncados (Pedro Drumond)



Versos Truncados (Pedro Drumond)

Forjei o meu sorriso e fiz disso uma profissão
Tampei os brios da mágoa e deixei de molho
O que desagou meu coração

Isso é outros daqueles truques que bem o faço
Pois quem me vê radiante, dançando, cantando
Desconhecem quem sou no escuro do meu quarto
Eu, que tenho de parar em alguma hora do dia
Sem ter nada mais que me impeça
E por fim desatar em miúdos os nós da agonia

- Ajoelha no chão, menino, e reza
Não há necessidade para quem fingir mais
É sua consciência quem fala agora
Se mecha, jogue essa máscara fora
E vá dormir em paz!

Meus erros nada mais foram
Que os verdadeiros acertos que eu tivera na vida
Meus acertos foram nada menos que erros modificados
Pois desde que silenciei minha alma, parei com meus versos truncados
E hoje permito que a existência seja a minha poetisa

O ar que me falta oriunda-se duma saudade sufocada
E afugentada minha alma secara, já não pôde mais chorar
Vastos foram os martírios das minhas estradas
Que hoje se apresentam a mim sob formas de alegoria
Constato o quão por nada já muito chorei um dia

Vejo-lhes quando me ponho debruçado sobre minha janela
Chego até a ascenar-lhes com certa simpatia
E me pego olhando a vida passar
Enquanto não passo de vez por ela

Amor Reservado (Pedro Drumond)




Amor Reservado
(Pedro Drumond)

Talvez eu te veja muito além da onde você possa estar
Sentindo-te muito mais do que seja possível acreditar
E chegando a conhecer o teu calor de có e salteado
Somente por nunca ter desfrutado do inferno
Nem por ter havido sido desperto
No céu prometido dos teus abraços

Talvez eu seja sábio
Quanto ao paladar que possa distinguir
Posso de longe farejar o teu rastro
Visto que a tortura é um necta que me acena
Já que com meus lábios nos teus não pude me redimir

Não transitei de bom grado ao progresso
Um pedaço de mim sentiu-se enganado
Foi-se tudo o que houve
Sou o único resto

Hei de lembrar que ao contemplar uma paisagem
Por trás da mentira e do sentimento reprimido
Existe entre nós dois uma certa afinidade

E sob a forma de tua robusta face
Vejo refletidas as lágrimas
Roubadas especialmente do deserto da tristeza
Um toque de leve faz-me perceber
Nos serenos sentidos
Mesmo que seja sem teu consentimento
Meu puro amor que lhe é reservado

Talvez isso tenha lhe sido desconhecido ou ignorado
No tocante a mim se estende e me fenece
Por isso a minha alma vendi ao diabo
Ou melhor dizendo, a ofertei ao amor - Singelo momento esse em que por ti faço uma prece.

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Amiga, Tristeza (Pedro Drumond)



Amiga, Tristeza
(Pedro Drumond)

Meu coração volta com olhos cabisbaixos
Redimindo-se e já assumindo ser o próprio culpado
De ter feito muito infeliz a sua querida amiga, chamada Tristeza
Abandonou-lhe, dando friamente às costas para a coitada, pobrezinha!
Deixou-lhe tão carente e sozinha à mercê de uma inefasta certeza

Hoje volto na mesma estrada
Vislumbrando os rastros do meu covarde abandono
Amiga, Tristeza, após longo tempo de espera, me abre as portas de sua casa:

- Ora essa, o que temos por aqui?
- Posso entrar?
- Claro, quanta honra! Sente-se. Aceita uma xícara de chá?
- Grato! Tenho muito o que te contar a respeito dos nossos desencontros.

E depois de relatar todas as minhas lágrimas, queixas e desabafos
Amiga, Tristeza, me olha demoradamente
Como quem quisesse me mostrar as respostas quais não encontro
Como se estivessem todas lá, escancaradas, bem na minha frente
Esbanja ela um sorriso meio sonso, como quem finge modéstia em querer abafar a verdade
Dá uma profunda tragada no seu cigarro e só então me pergunta:

- Não foste tu mesmo quem, como um cego, saiu em disparate por aí afora
em busca dessa tal fulaninha... hã... como é mesmo aquele nome irascível dela... Felicidade?
Sim, pois bem, onde ela está nesse momento?
Diga-me, pois não a vejo ao seu lado por agora, e isso para mim (risos)
é um grande lamento, sinceridade!

- Oh, amiga, Tristeza - replico - sei que estás coberta de razão,
mas tudo o que eu lhe peço é um pouco só de compreensão...

- Sim, - redarga a anfitriã - sou a única que não te abandona
Não me confunda, querido, o meu nome é mesmo Tristeza
Entretanto não esperes que eu venha dar com as mãos na sua cabeça
Feliz tu nunca serás capaz de ser
Enquanto que nada do que eu diga vieres aprender
Luz nunca serás capaz de encontrar
Enquanto que pelas minhas sombras taciturnas
Não fores tu capaz de naufragar

Indignado pela verdade dolorida, perdi noção do tempo e espaço
A partir dali dei corpo à insanidade ressentida
E comecei a destruir tudo o que via pela frente
Aquele ali era o retrato verídico do meu verdadeiro fracasso

Amiga, Tristeza, por sua vez, não movera um só músculo
Assistia meu amplo desespero
Como quem chora de tanto sorrir ao término duma piada

Enfurecido disse-lhe que pelo menos ser feliz tentei
E que isso possuía um inexplicável valor
Mesmo assim a descarada ainda me disse
Que nada além de lágrimas foi o que ganhei
Motivo esse que me fez procurá-la, visto que só ela me dá amor.


Certa Moça (Pedro Drumond)



Certa Moça (Pedro Drumond)

Choro buscando pelo seu brilho
Grito seu nome ainda que muito aflito
As leis do coração denunciar-me-ão
O que andas tu a aprontar neste mundo bandido

Nesta noite de poucas alegrias
Me ocorre uma brisa alcoviteira e debochada
A roubar a minha sonata sem luar da madrugada
Me trazendo manhosamente o espectro de um beijo seu

Prateado, envolvente e com alarde
Ela me segreda aonde hás de estar
E por quem encontra-te perdidamente apaixonado
Mas bem o sei que se trata de uma certa moça de cabelos dourados
Que dentro em breve abraçar-te-á ao fundo de farsas e vaidades
Envolvida de um sentimento onde nunca haveria a minha verdade

Tudo então torna-se-á meros indícios
E pobre de ti neste frio
Sem ela, sem mim
Sozinho.

sábado, 10 de dezembro de 2011

Desapontamento (Pedro Drumond)



Desapontamento
(Pedro Drumond)

Desapontamento, até onde vai a tua falta de sentimento?
Desapontamento, até onde vais com tamanho descaramento?
Onde foi parar aquele teu digno silêncio?
Pois se não diz ele tudo o que sonhei ouvir
O escárnio que a tua palavra faz do meu coração
É mais rude de sentir

Desapontamento, querias tu mesmo deixar-me bem claro
Que não seria eu digno de viver ao teu lado?
Bastava um simples desvio de olhar, seu tolo fadado!
Hoje é daquela vaga indiferença que sinto falta

Pois de todos os seus defeitos, truques e manejos
Tudo o que em ti aliançou minh'alma
O desapontamento de escrachar meu coração adentro
Quem tu realmente desejas
tal qual um amigo que com outro graceja
Fizera profundas feridas em meu peito

Mas não te culpo
Cabe a mim aprender que quem ama
Pode até ser capaz de tudo pelo próximo
Mas sem faltar com o necessário para si mesmo

Sendo que fui eu me meter num redutos de alegria
Regressando ao lar com tristezas maiores do que as que tinha
Amei sozinho e sozinho voltei, redimido ao luar

Sem problemas, ainda que agora todos estejam a cachoar de mim
A tristeza, esse luar e o amor
Que pelo desapontamento foi apresentado ao fim

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Mulher da Vida (Pedro Drumond)



Mulher da Vida
(Pedro Drumond)

Prazer, dama de rua!
Se coração de mulher é abrigo de palhaço
Coração de homem é terreiro de puta
Entre indas e vindas jamais fui nem serei esquecida
Vejam só aquela boneca de pano
Sou eu gingando bem lá no antro das perdidas

Mulher de asfalto
Leviana, molambo
Beirante dos cais, escandalosa
Farrapo

De dia traiçoeira, a noite vulgar
Para uns mera sobremesa
Mas d'outros um apetitoso banquete
Que ainda sim mais se quer saciar

Ando pelas vias do suicídio
A noite somente a lua me contempla, me guia
Meu olhar é perdido, vazio
Estático num mundo onde todo prazer
Me restaura também me impedindo toda alegria

Minha alma? Vendi na noite!
Nas esquinas da vida foi que encontrei meu itinerário
Assim pertenço ao ladrão, ao mendigo
Ao barão, ao político
Ao solteiro, ao casado

Com moedas sujas é que pago o pão do meu filho
Mas também não sou só isso não
Danço, canto, encanto, fantasio
Certa vez um cliente até me dissera que muito bem poetizo
Pois bem, sei que ao fim de cada espetáculo
Sou plenamente aplaudida de pé

- Senhores &  camundongos,
Recebam aqui  em nosso humilde prostíbulo
A mulher de "Lucifér!"


Abandonada pela família
Cuspida na cara pelo amor
Assim tornei-me "mulher da vida"
Gemo um falso prazer encolhida de dor

Sob as vestes de vermelho e negro
Minha marca especial é um cigarro manchado de batom
Largado ainda aceso sobre um pálido cinzeiro
Descobri que para algo tenho dom

Dizem que sou vagabunda por querer
Dizem que sou alma suja
Suja, mas ainda assim capaz de viver

E nesse mundo de almas toscas
Onde o que não falta são condenamentos
Sou amaldiçoada por uma legião de esposas
Ainda mais por aquelas que levam Deus até no nome
Pouco importa - Faço de qualquer uma delas, meus os seus homens

Assim sou trépida e perigosa, cruz e a caldeira
Oscilando entre os poderosos e mulambentos
Eclipse Solar e divina Lua Cheia
Por isso posso dar-me o desfrute de uma triste gargalhada
Sou da vida porque da vida não sou nada!

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Ignóbil Condenamento (Pedro Drumond)



Ignóbil Condenamento (Pedro Drumond)

Na verdade entre tantas outras coisas que descubro
Amar me dá grande orgulho de não poder ser mais nada
Simplesmente por sentir o muito de poucos nesse mundo

Por que toda vez que chegas perto de mim
Toda ferida minha, repentinamente, passa a sumir?
Onde vão parar neste momento de reencontro minhas tristezas?
Minhas mágoas? Tuas farsas?
Minhas incertezas e nossos confrontos?

O que se faz acontecer com esse sentimento?
Pois quando absorvo o devido ar que termina em ti
Relembro o quão acreditei em mim
Sem ousar sequer questionar minha dor
E reconhecendo nesse justo momento meu ignóbil condenamento
Perto de ti já soube o que era amor
Tesouro esse que outrossim a vida me roubou

Na verdade nada que me faça sofrer
Nem nada que me faça chorar
Perto de ti tudo isso que me mata
Torna-se basto para conter, basto para ignorar
Pois quando estou contigo
Deus é testemunha do quanto me contenho
Para não lhe agravar com meus tão sonhados carinhos
Acariciando teus cabelos com minhas finas mãos
E olhando em teus olhos sem quaisquer desvios

Não mais quero teus beijos, isso já me acalma
Não, não, meu querido
Mas garanto que tenho algo genuíno com que sonhar
Por isso não mais lhe espero
Pois sei que dentro em breve a vida há de nos separar
Esqueço minhas presentes mágoas
E aproveito-te o mais que posso da alma
Sabendo que só com minha sombra ponho-me a caminhar

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Coisas Pequeninas (Pedro Drumond)



Coisas Pequeninas (Pedro Drumond)

Ah, como todo o ódio não se faz palho para o amor
Ah, como toda alegria vinda de qualquer coisa pequenina
Faz-se maior que qualquer dor
Inquilina de qualquer vago espaço
Inundado de lágrimas infinitas

Sempre sonhei tanto, tantas coisas em ti vislumbrando
Que na realidade jamais enxerguei
Mas hoje não imaginava que a ilusão mais linda
Que o adeus que dá fim a vida
Fosse ser mais do que tudo que sempre esperei
Fosse ser o mais bonito e meigo
Que qualquer desejo, qualquer abraço, qualquer beijo

Converso nem sempre olhando nos teus olhos
Pois me é penoso encarar-te por vezes em que ainda mantenho meus sentidos sóbrios
Mas retiro tantas palavras para meus conto de fadas
De um simples silêncio, oportuno momento
De qualquer que fosse a passagem onde estivesse contigo pelo menos

Sabem do que falo? Vou explicar
É que geralmente quando estamos a conversar
Nos mantemos os mais afastados o possível
Nos damos o desfrute de pouco contato, seja visual ou físico

Mas hoje, leitores, vocês não sabem da maior
Antes dele partir e minha senda solitária eu tornar a seguir
Ele pousou suas mãos sob minhas faces
Parou e olhou-me muito além do limite dos olhos meus
E em completo silêncio deu um sorriso infantil regado à esperanças
Deslizou suas delicadas mãos de forma cândida
Rompendo os limites de todo o maior que eu pressentia
Simplesmente por fim sossegou-me o âmago e deu seu adeus
Um singelo "Eu te amo" fora dito
No entanto sobre a disfarçada forma de um "Fique com Deus"

Para o meu coração, adega dos receios
Que tanta coisa nessa vida ainda há de passar
Em verdade digo que isso foi melhor que qualquer beijo
Que antes da morte esse amor pudesse me dar
Caros leitores, sem mais entrelinhas
Mas convenhamos, como são gigantes essas coisas pequeninas!

Asas Partidas (Pedro Drumond)



Asas Partidas (Pedro Drumond)

Hoje alguma coisa mudou
Não sei se me trouxe de volta à vida
Ou se de vez me matou
Venho-me apavorantemente arrastando-me ao chão
Apoiado sobre as muletas em minhas agonias
A causa de tão nefasto? Minhas asas partidas!

Talvez por escrever tanto do que venho sido
Pouco de felicidade conheço
E tanta tristeza tenho sentido
Se fosse eu capaz de negar o que me torna tão preso
Não vergaria jamais em lágrimas
Lágrimas essas que por mim não possuem o menor respeito

Mas se o amor começou em mim, partiu em busca de ti
E de asas partidas regressou
Quem sou eu nesse mundo para maldizê-lo?
Sabendo que mesmo sentindo um suposto amor
Que não posso chamá-lo de nosso
Chega-me até ser cabível o título de castigo


Como posso ter dado a certeza
E ter esperado tanto de alguém incerto?
Cabe então a mim agora ser o tirano, o déspota
Aniquilador das diversas rosas veladas em mistério
Simplesmente por não fazerem parte da minha essência?

Não são ainda rosas, mesmo que amarguradas?
Têm elas culpa de que somente espinhos tenham as protegido?
Ah, esqueço de vez em saber esquecer quem não me quis
Pouco importa o que destituiu-me a curta vida
Quem foi o começo e o fim
Dessas minhas asas partidas

Anjo de Guarda (Pedro Drumond)



Anjo de Guarda
(Pedro Drumond)

- Não olhe mais para trás.
Não ouça mais o chamado daquele espinhoso caminho, Pedro!
Se seguir adiante já é tarefa árdua, imagine voltar atrás
E não encontrar ninguém a sua espera
Com excessão é claro, se me permite, a solidão, a frustração
A carência, o frio... o medo

Tortura-te tanto e por vezes não se dá conta disso
Não digo o mau, mas o bem está acima de tudo em favores contigo
Me diga quantos foram os prantos que já derramou
Mas que somente em você se escondia o princípio?

A verdade não é dura, não é seca
Ela só não segue os moldes do nosso capricho
Não estou tratando seus sentimentos em vão
Sei o quanto sofres, o quanto é clara tua emoção vertida em lágrimas
Que brilham e ofuscam toda chispa do rancor e da raiva
Que ora teimam em lhe atirar pedras nas bases da consciência
Mas deixe que exurja de si um maravilhoso dom
Falamos de paciência.

Sei do quanto seu amor por hora se condói
Mas se soubesse as lágrimas que por vezes já derramou
Saberia que não é aspereza da vida que te enfrenta e destrói
Meu querido, se um amor é tão puro quanto o seu
Siga firme com ele em frente
Guarde-o no mais profundo que salientar e não o mostre
Para quem antes não compreender o próprio eu

Aqui é a menssagem de um amigo
Que por vezes sorri e chora contigo
Na paz de Deus, que força não lhe falta
Aqui fala a sua Consciência, melhor dizendo, seu Anjo de Guarda.

A Grande Verdade (Pedro Drumond)



A Grande Verdade
(Pedro Drumond)

Incrível é nascer forte para enfrentar
Tudo o que essa vida há de me padecer
Mas gozado mesmo é tornar-me fraco
Quando ninguém menos que tu fosse meu adversário

Para nós não existe emoção tampouco razão
Só existe algo a cima de tudo - A verdade
E hoje ponho-me à sua frente
Para honrar meu coração
Com seus sonhos já tão desiludidos
Vindo de infinitas noites
Onde os prantos tornaram-se incontidos
Mister é honrar a verdade do coração
Antes que me seja tarde

Será que devo revelar-te
O segredo que o vento espalhara às estrelas
Com histórias nunca tão de ninguém
Mas que são minhas e de você também?
Tu que foste grande parte
Dos sonhos deste molambo que hoje sou
Lembre-se que há pouco jogaste ao vento
Todo o meu idealizado amor

Sei que não estarás perto de mim
Nem jamais mensurarás o quão precisei de ti
Se fui triste ou fui feliz, pouco importa
O medo fizera de mim uma saudade morta
Ainda que nunca me haja tido
Qualquer espaço nos meandros de seu coração
Levo n'alma um imenso sabor de ti
Quando me consolo num samba- canção

Ninguém saberá
Que passarei a viver o restar dos meus dias
Esquecendo você
Por isso embriagar-me-ei da boêmia mais triste e banal
Porque se não te esquecer
Sei que ainda morrendo
Estarei lhe dando uma atrevida prova de amor - Um eterno sorriso no meu suspiro final
Pois meu querido, convenhamos
Ninguém saberá como é ser feliz te amando
Tal como eu que assim aprendi, chorando

Por isso pus-me hoje aqui diante de ti
Sem sonhar com a ilusão
De um dia viver ao seu lado
Nasci mesmo para te amar
Ainda que não seja eu o seu amado

Mundo turvo. Procura indiferente. Saudade sem paz.
É... te amo muito. Te amei sempre. E te amarei ainda mais!

sábado, 3 de dezembro de 2011

Amy Winehouse (Pedro Drumond)



Amy Winehouse
(Pedro Drumond)

Tomei tua tristeza como minha tortura
As dores regurgitadas nas tuas melodias
Já me eram o silêncio das angústias
Antes viva, agora falecida, enfim será que um dia existimos?
Sei que nada mais importa, o vago é o elo que nos aproxima
A arte, sublime em suas nuances de amor, seleciona aqueles
Demasiadamente humanos, para mitificarem sua áurea eterna

O teu grito também usei como os meus pedidos de socorros
Quando eu atravessava o meu lar mais saudoso - o umbral do amor não-vivido
Ainda que eu pudesse de tão longe a vida não me deixou te dar apoio
E pensar nisso tudo é me ver em ti tal qual céu e inferno, apoiados um no outro

Tua história foi o palco das tragédias
Não gregas, não troianas, mas de esperanças crucificadas
Os verdadeiros infelizes preferiram explorá-las como um vício soberbo
Esses, pobres de espírito, viveram de suas  farsas
E desses indígnos, como eu um dia tu recebeste nas faces
As misgalhas das pedras atiradas
Nada, porém, que fizesse teu caráter permanecer em degelo

Tiveste de inventar uma força de outro mundo
Para guiar-te fronte à sombra dos solos da solidão
Na busca incessante, todavia inconfessável, do luzir de alguém
Que lhe chamuscasse o coração
Quantos aplausos já não lhe revestiram
Seja lá pelo teu melhor, pelo teu pior
Pois o único que sei é que foste uma humana extrema
Comigo e toda multidão não choraste só

Quiseram lhe internar, visando as chagas de teu corpo físico exterminar
Mas esqueceram que somento o carinho,o amor, eram os melhores remédios
Para uma alma frágil, sobrevivente de si mesma
A raiz da necessidade se chama exaustão

Tinhas tu o mundo aos seus pés, mas de adiantava?
Aclamada por muitos, entretanto sedenta na busca de um específico
Agora te encontras reclusa, certamente perguntando quem tu és
Não te atormentes pelos inúmeros soluços que ouves de cá
Pois o sonho dos lúcidos era que o amor e a felicidade
Se esquecessem deles, mas para ti não houvessem tornado
Um pesaroso desengano

De volta ao luto no qual viverei
Agora sei que realmente estou
E o amor como foi para ti
Para mim e a tantos outros também é um jogo perdedor
A vida exitrpou seu sopro e eu não me contenho, choro de saudade
Saudade da presença que não conheci
Mas por tantas vezes, da alma irmã e filha que pude sentir
Quantas percas traduzem quem não sou eu?

Não, não e não
O amor não pode ser egoísta
E como quem deixa cair o coração de porcelana, abro as mãos e lhe vejo voar
De encontro ao colo mãe da verdadeira vida
Rogo a Deus que os Seus anjos que lhe benzam de amor, alívio e cuidado
Não permitindo mais que a tristeza e o tormento mais danos lhe causem
É assim que pedirei nas orações dos meus compungidos anos
Ou nas suas canções que me resgatam
Em nome de ti, minha cara, Amy Winehouse.



Algemas do Espírito (Pedro Drumond)



Algemas do Espírito
(Pedro Drumond)

O amor é um trago que eu permito me matar
Para trazer-me nesses instantes
A sensação de que tenho continuamente uma vida
E a perdendo relembro que posso recuperar

Me mato pela indução própria da saudade
Para que o desepero da alma venha gritar pelo meu nome
Fazendo-me então escutar a voz da verdade
Tal qual a ponta de uma faca diante dos meus olhos

Que trás-me o sorriso contido nesse instante em que choro
Que faz-me recobrar a visão perdida
Justamente por estar diante do precipício
Recuperando o que restou dos reflexos
De uma queda  no abismo

Preciso ardentemente da escuridão
Afim de  que não venha a abandonar a luz latente do coração
Antes de despertar preciso estar em sono condoído
Pois não há meandros de voar
Sem antes ter sido pressionado pelas algemas do espírito

Preciso compreender muito antes de dizer que não me situo mais
Não posso dizer adeus assim simplesmente
Sem antes olhar profundamente meu passado
Preciso de fato viver para saber a justa hora de virar as costas
Sem partir com o lamentoso discorrer "Tarde demais"

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Dualismo (Olavo Bilac)







Dualismo


"Não és bom, nem és mau: és triste e humano... 
Vives ansiando, entre maldições e preces, 
Como se a arder no coração tivesses 
O tumulto e o clamor de um largo oceano.


Pobre, no bem como no mal padeces; 
E rolando mum vórtice insano, 
Oscilas entre a crença e o desengano, 
Entre esperanças e desinteresses. 


Capaz de horrores e de ações sublimes, 
Não ficas com as virtudes satisfeito, 
Nem te arrependes, infeliz, dos crimes: 


E no perpétuo ideal que te devora, 
Residem juntamente no teu peito 
Um demônio que ruge e um deus que chora." 

Vídeo: Uma boa lembrança (...)

Vídeo: Tudo O Que É Amar (Pedro Drumond)

  


Seria uma blasfêmia
Questionar o por quê da minha existência
Mapeando de onde vim para onde vou
Amedronto cada vez mais o medo em mim
Em saber quem fui pra ser quem sou

Pois muito me desaponto
Com aqueles que jogam aos ares tudo aquilo que não encontro
Aqueles que possuem o amor tal qual um banquete em mesa
Só quem mendiga um carinho sabe o seu devido valor
Só sabe mesmo o que é alegria quem só conheceu a tristeza

E hoje em dia não mais me apego ao passado da dor
Pois sei que aprendi tudo o que é amar
Com quem não sabe o que é amor

(Pedro Drumond) 

Vídeo: Nosso Próprio Eu (Pedro Drumond)


Se lhe dizem algo esperando a tua lágrima 
A melhor resposta virá do teu sorriso
O que somos nós em denodo de cartas marcadas
Se a única coisa que se roga é um perdão ao ser atingindo

E tudo aquilo que desprezamos em outro ser
Será em nosso próprio eu que abrigamos
Mas quem diria, atores somos capazes de ser
E no decorrer do dia a dia a nossa alma desfalecemos, desabrigamos

Quantas foram as sombras que já vieram indagar-me a respeito de luz
Quantas são as contas que podemos fazer dos pregos
Que mergulhados em trevas e em ignorância
Pregamos ao ser que fora o mais digno e jamais fora visto
E de braços abertos morreu na cruz
- Perdão, oh, Pai, Eles não sabem o que fazem!

Mas são com esses mesmos 
Que mais aprendemos a nos conhecermos primeiro
O errado sabe bastante bem falar de quem não está certo
O mau trapo sabe bem como apontar quem não possui esmero
A mentira sabe bem como desmentir quem não esteja falando a verdade
A hipocrisia sabe bem como distinguir
Quem é pior:
Ela ou quem não possui uma tal de dignidade?

(Pedro Drumond)