sábado, 3 de dezembro de 2011

Amy Winehouse (Pedro Drumond)



Amy Winehouse
(Pedro Drumond)

Tomei tua tristeza como minha tortura
As dores regurgitadas nas tuas melodias
Já me eram o silêncio das angústias
Antes viva, agora falecida, enfim será que um dia existimos?
Sei que nada mais importa, o vago é o elo que nos aproxima
A arte, sublime em suas nuances de amor, seleciona aqueles
Demasiadamente humanos, para mitificarem sua áurea eterna

O teu grito também usei como os meus pedidos de socorros
Quando eu atravessava o meu lar mais saudoso - o umbral do amor não-vivido
Ainda que eu pudesse de tão longe a vida não me deixou te dar apoio
E pensar nisso tudo é me ver em ti tal qual céu e inferno, apoiados um no outro

Tua história foi o palco das tragédias
Não gregas, não troianas, mas de esperanças crucificadas
Os verdadeiros infelizes preferiram explorá-las como um vício soberbo
Esses, pobres de espírito, viveram de suas  farsas
E desses indígnos, como eu um dia tu recebeste nas faces
As misgalhas das pedras atiradas
Nada, porém, que fizesse teu caráter permanecer em degelo

Tiveste de inventar uma força de outro mundo
Para guiar-te fronte à sombra dos solos da solidão
Na busca incessante, todavia inconfessável, do luzir de alguém
Que lhe chamuscasse o coração
Quantos aplausos já não lhe revestiram
Seja lá pelo teu melhor, pelo teu pior
Pois o único que sei é que foste uma humana extrema
Comigo e toda multidão não choraste só

Quiseram lhe internar, visando as chagas de teu corpo físico exterminar
Mas esqueceram que somento o carinho,o amor, eram os melhores remédios
Para uma alma frágil, sobrevivente de si mesma
A raiz da necessidade se chama exaustão

Tinhas tu o mundo aos seus pés, mas de adiantava?
Aclamada por muitos, entretanto sedenta na busca de um específico
Agora te encontras reclusa, certamente perguntando quem tu és
Não te atormentes pelos inúmeros soluços que ouves de cá
Pois o sonho dos lúcidos era que o amor e a felicidade
Se esquecessem deles, mas para ti não houvessem tornado
Um pesaroso desengano

De volta ao luto no qual viverei
Agora sei que realmente estou
E o amor como foi para ti
Para mim e a tantos outros também é um jogo perdedor
A vida exitrpou seu sopro e eu não me contenho, choro de saudade
Saudade da presença que não conheci
Mas por tantas vezes, da alma irmã e filha que pude sentir
Quantas percas traduzem quem não sou eu?

Não, não e não
O amor não pode ser egoísta
E como quem deixa cair o coração de porcelana, abro as mãos e lhe vejo voar
De encontro ao colo mãe da verdadeira vida
Rogo a Deus que os Seus anjos que lhe benzam de amor, alívio e cuidado
Não permitindo mais que a tristeza e o tormento mais danos lhe causem
É assim que pedirei nas orações dos meus compungidos anos
Ou nas suas canções que me resgatam
Em nome de ti, minha cara, Amy Winehouse.



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