sábado, 29 de dezembro de 2012

Amor, Almas Enganadas (Pedro Drumond)



Amor, Almas Enganadas
(Pedro Drumond)

Amor,
Frascos trocados
Almas enganadas
Venenos em taças opostas
Elixir da vida, bebido por que morreu
Findar da existência, consumido por quem
De amor viveu

O amor é um laço de desunião, desencontros
Tu és quem amas por dentro
E não sabes o que é ser movido pela própria essência
Já que tua alma não mora em ti

Sacrificando a posse de si para ser outro
Mau sabes que tua vida foi-se para sempre
Tu não conheces teu sabor, teu peso
Apenas alguém que por ventura já te amou
Carregando-te em segredo

Tua alma está aí, animada nesse ser
Por sua vez, tu és o sufoco daquele que respiras
Livre e insano de pactos presos

O amor só se torna algo louvável
Porque no fundo é a dor do ser amado
Tida como nossa própria, equivocadamente,

A vida? Uma passarela
Onde circulam vários transeuntes
Mau sabendo que seus corpos são apenas peças
De espectros espalhados
De almas que desconhecem suas nascentes
Separadas apenas pelo crivo do amor
Da ligação daqueles que não se unem

Se tu amas, jamais saberás quem tu és
Mas viverás sendo o alojo da alma amada
(Abandonada de si - sem consciência de causa -
 para viver através de ti, e vice-e-versa)

A verdade é essa: A vida arquitetou o amor
E o depositou em almas desordenadas!

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Passando por Drummond...


Certa vez li em algum lugar que a felicidade não atravessa portas fechadas. Certamente uma alusão às almas reclusas. Pois bem, confiemos então no amor, esse sim é mais vil e direto - Arromba portas, destrói candiados, pula muros, ateia fogo nas almas, bagunça tudo, estabelecendo toda ordem de caos, somente para depois varrer o que restou dos bloqueios e do pó de nossas vidas. Assim, ele desloca a existência humana e passa a viver com liberdade. Se os animais são casacos de pele, nós, nós somos penas e plumas. Que nossas vidas sejam transbordantes de amor. Do amor que ama amar!


terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Finada Esperança (Pedro Drumond)




Finada Esperança (Pedro Drumond)

Não consegui lamuriar o amor
Que não pôde exalar, como preferia,
O que restava da minha essência

Nem pude prantear, mesmo a minha finada esperança
Que há anos, até agora,
Encontrava-se sentada num banco de praça qualquer,
Suja e abandonada,
À espera de um encontro marcado, sem nenhum compromisso

Quando deu por perceber
Que a união ansiada não ocorreria de qualquer jeito
Partiu em silêncio, esquecendo-se rapidamente
Do que a levara até ali
De súbito, sem que me visse, eu a segui

A vida é uma união de mundos e almas
Que não pertencem às mesmas galáxias nem verdades
Aglomerando-se acidentalmente no mesmo espaço
Encontrando umas às outras, qual bando de refugiados
De todos os campos, de todas as guerras
De todos os sonhos, de todas as esperas

Assim a esperança foi se afastando do seu templo
Eu testemunhava tudo, escondido
Não havia pranto - Chorei em silêncio
Então ela, qual espectro, de repente desapareceu!

Consigo levando a tão aclamada resposta
Para todas as perguntas
O bálsamo
Para todas as angústias
E o encontro
De todas as procuras
Que em nada sucederam

Pois seu amor, tão claramente exposto
Foi tido como ininteligível pelo seu principal leitor
Podia-se dizer que havia indicado caminhos
Aos perdidos que andavam sem saber caminhar

Mais uma vez a esperança cantou
Tanto para o vulgo popular quanto lírico
E por nenhuma de ambas as partes foi escutada
Resolveu então partir para outros rumos
Levando a sua grandeza
Sabendo que seu amor maior
Não pôde ser abraçado às almas pequenas

(E foi justamente esse o seu penar. Ela queria apenas se dar
Para quem achava que valia à pena)

No entando a piada que viera em reposta
À sua tão séria declaração de amor
A fez concluir que nada mais lhe comporta
Tornou-se uma fada mais risonha
E a mim, testemunha ocular, o mesmo ser triste de sempre
Contudo, insento de dor

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Nós, Meros Poetas - Antologia da União Cultural

A poesia "Nós, Meros Poetas", que se expressou através de mim, ganhou mais vida na Antologia da União Cultural - um livro com poesias livres, trovas, sonetos clássicos, crônicas, contos, cartas, traduções e minicontos. O objetivo de organizar essa antologia foi o de unir pessoas, através desta obra, de regiões e culturas distintas, cada uma podendo escrever com liberdade e no gênero que melhor as satisfizessem.

Obrigado a Renata Scarparo, minha eterna e amada amiga, também poetisa, que tão carinhosamente me convidou nesse projeto de seu interesse. E ao Luiz Antonio Cardoso, que idealizou e organizou a obra, por ter aceito me incluir nessa intensão.

Sem poesia o mundo não teria bons sonhos!