terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Finada Esperança (Pedro Drumond)




Finada Esperança (Pedro Drumond)

Não consegui lamuriar o amor
Que não pôde exalar, como preferia,
O que restava da minha essência

Nem pude prantear, mesmo a minha finada esperança
Que há anos, até agora,
Encontrava-se sentada num banco de praça qualquer,
Suja e abandonada,
À espera de um encontro marcado, sem nenhum compromisso

Quando deu por perceber
Que a união ansiada não ocorreria de qualquer jeito
Partiu em silêncio, esquecendo-se rapidamente
Do que a levara até ali
De súbito, sem que me visse, eu a segui

A vida é uma união de mundos e almas
Que não pertencem às mesmas galáxias nem verdades
Aglomerando-se acidentalmente no mesmo espaço
Encontrando umas às outras, qual bando de refugiados
De todos os campos, de todas as guerras
De todos os sonhos, de todas as esperas

Assim a esperança foi se afastando do seu templo
Eu testemunhava tudo, escondido
Não havia pranto - Chorei em silêncio
Então ela, qual espectro, de repente desapareceu!

Consigo levando a tão aclamada resposta
Para todas as perguntas
O bálsamo
Para todas as angústias
E o encontro
De todas as procuras
Que em nada sucederam

Pois seu amor, tão claramente exposto
Foi tido como ininteligível pelo seu principal leitor
Podia-se dizer que havia indicado caminhos
Aos perdidos que andavam sem saber caminhar

Mais uma vez a esperança cantou
Tanto para o vulgo popular quanto lírico
E por nenhuma de ambas as partes foi escutada
Resolveu então partir para outros rumos
Levando a sua grandeza
Sabendo que seu amor maior
Não pôde ser abraçado às almas pequenas

(E foi justamente esse o seu penar. Ela queria apenas se dar
Para quem achava que valia à pena)

No entando a piada que viera em reposta
À sua tão séria declaração de amor
A fez concluir que nada mais lhe comporta
Tornou-se uma fada mais risonha
E a mim, testemunha ocular, o mesmo ser triste de sempre
Contudo, insento de dor

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