segunda-feira, 30 de julho de 2012

O Vencedor (Pedro Drumond)





O Vencedor (Pedro Drumond)

Livre não é aquele quem realiza renúncias
Mas quem encontra a si mesmo sem sequer aderir a busca
Uma conquista diverge de todas as metas impostas
Vencedor é a sombra do monte, o temor dos nébridos homens
Tendo-se a si mesmo como testemunha

Espetáculo de almas imundas:
Visiona-se nos que se sacrificam inutilmente
Nos campos de batalha, nos campos de religião
Tudo aquilo que haveria de ser nossa maior fuga
Resistindo em lamentos contra nosso sereno coração

Vencedor é o hesitante naufragador desses conflitos
Seja contra si próprio
Ou contra esses outros aflitos, quais distante observa

Vencedor é o descedor dos vales
Mesmo que tachado de covarde
O que por ventura não lhe causa desgostos
Este muito se orgulha por não possuir pobres tesouros

Afincando entre os cadáveres a bandeira branca de paz e união
Insígna da sua sagrada impessoalidade, fundo sem parâmetros
Torna-se perdido e desconhecido de toda constelação

O esforço degenerado é incompatível com a simplicidade
Quanto mais impoluta, favor não venhas a presumir
Que não se torne tal alma capaz de vir a ser mais pura
Quiçá mais que a minha, que a dele, que a tua.

sábado, 28 de julho de 2012

Olhos Petrificados (Pedro Drumond)




Olhos Petrificados (Pedro Drumond)

Quisera eu ter tristezas
Acredito que essas são felicidades pelo avesso
Até elas abandonaram-me

Sou vazio
Silencioso
Negro
Nada disso é pacífico

A medida em que me observo
Tão profundo quanto um abismo
Eu não existo

Sinto que se sou uma fonte de amor
Foi por ter vindo dos desertos
Do contrário já teria padecido

A maior tristeza das lágrimas
Vem de quando não as derramamos
Sagazes, chamam-nos atenção por meio de quem amamos

Deságue
Quem sou eu para ensinar-te a ser triste?
Se tristeza é obra de arte que a paz não permite

Minha vida é uma tela em branco
Na minh'alma loucos me guiam
Não podem ser vistos
Quero morrer na profundidade dos meus olhos
Olhos petrificados, garantias de meu eterno carinho

sábado, 21 de julho de 2012

Nós, Meros Poetas (Pedro Drumond)




Nós, Meros Poetas (Pedro Drumond)

O amor pode ser eterno, caso verdadeiro
Por conta disso jamais há de permanecer o mesmo
Dedico a dor ou o amor a quem souber reconhecê-los
Nas paragens mais sórdidas do deserto

Lá estava eu, qual eremita, brigando pela vida num contínuo desabrochar
Lá eu me encontrava para ser resgatado pela alma vaga, intuitiva
Por conta disso minha natureza não me desmente
Sou um ser que nasceu chorando poesia
Sempre questionando todos que estavam vivos
Sem saberem pra quê serviam-lhes a vida
A lição é mais que amor: Haveremos de deixar de desamar

Nós, meros poetas, jamais vivenciamos suspiros e temores
Nossos corações permanecem soltos, livres em chamas
Com sentimentos tão mais sublimes quanto que arrebatadores
Sem ilusão, sem machucados
Sem Sol, sem estrelas
A mente nos engana enquanto o amor nos emana
Colhemos do poço mais penumbrante
Lágrimas que a alma de tão condoída clama
Até perder as forças e titubeante dizer - Por favor, chega!

domingo, 15 de julho de 2012

O Que Será Amor? (Pedro Drumond)




O Que Será Amor? (Pedro Drumond)

O amor não é o milagre do começo nem o disfarce do fim
Não é o encontro da alegria nem a tristeza é sua consequência
O amor deixa de ser não, mas não deixa de ser sim
O amor não é o deslize da vida nem o percurso da morte
Não é a história de mentira nem a verdade prometida pela sorte

O amor não é a voz sufocada tampouco o silêncio a gritar
O amor não é o descarte do possível nem a sujestão do impossível
Não é o indício nem o mistério resolvido
Não é a amplitude das perguntas nem o limite das respostas
O amor é simplesmente o aqui e o agora

O amor não é a recordação de ontem nem o sonho do futuro
Não é a evidencia do acerto nem a prova do erro
Portanto nem se engane pensando que é o desencanto da virtude Pelo encanto do defeito

O amor é essa inenarrável Criação
Nós somos de longe sua mera forma de expressão
O amor não está na ambiguidade que nós tanto conhecemos
Não está situado nesses contrastes onde perecemos
Certamente há de estar na beira do espaço que o vento beijou
Ele chega quando menos se deseja
Ansiando ainda mais por quem não se pôs ao seu dispor

O mais desafiante do amor é chegar a permanecer na sua profundidade
Mas quando sua essência exala-se na alma escolhida
Sua vibração vigora além dos anos
Lembrando que não é o ser humano que é movido pelo amor
E sim o amor que é movido pelos humanos

Pois somos inegavelmente partes dele
Mas não caiamos na asneira de achar que ele é nosso
O amor se utiliza do que temos, nos dando uma breve visão
Daquilo que por hora não compreendemos

O amor puro e elevado ver-se acima das alegrias e dores
Pois encontra-se envolto em nosso meio, sendo a regência soprando sua própria voz
O amor ao nosso redor é esse vislumbrante invisível
No qual eu, tu ele, ela - Nós,
Estamos plenamente incluídos
O amor é a tua garantia para a união com Deus, em ti vivo!

sábado, 7 de julho de 2012

Fonte do Amor, Torne-se!





Enquanto um ser ainda precisar que a vida, de bom grado, ponha sempre em seu caminho alguém para despertá-lo (para o) amor ou mantê-lo neste, este ser estará fadado a sofrer. Nós temos, antes de tudo, a urgência necessidade de reconhecer que aquela incrível fonte, mágica, tão especial e divina - o justo amor que somente nós tivemos juízo de realidade, por não obstante amarmos em condição de eremitas - é NOSSA, está dentro de NÓS, e cabe a NÓS mantê-la fluente, COM OU SEM alguém, com ou sem pedras no caminho.

Se precisar de alguém que lhe traga água, você jamais beberá a fonte e sempre permanecerá com sede, pois o alguém que trás o que já não se conquistou está destinado a ir embora. Entretanto, torne-se a fonte do teu próprio princípio de amor e assim sendo quem sabe alguém lhe chegue e contigo fique? De uma coisa podemos nos certificar: Somente quando estivermos aptos para sermos amados, após nos tornarmos a única fonte que recorremos, saberemos o que significa o amor ágape - o único amor que ama simplesmente amar!

Pedro Drumond