segunda-feira, 30 de julho de 2012

O Vencedor (Pedro Drumond)





O Vencedor (Pedro Drumond)

Livre não é aquele quem realiza renúncias
Mas quem encontra a si mesmo sem sequer aderir a busca
Uma conquista diverge de todas as metas impostas
Vencedor é a sombra do monte, o temor dos nébridos homens
Tendo-se a si mesmo como testemunha

Espetáculo de almas imundas:
Visiona-se nos que se sacrificam inutilmente
Nos campos de batalha, nos campos de religião
Tudo aquilo que haveria de ser nossa maior fuga
Resistindo em lamentos contra nosso sereno coração

Vencedor é o hesitante naufragador desses conflitos
Seja contra si próprio
Ou contra esses outros aflitos, quais distante observa

Vencedor é o descedor dos vales
Mesmo que tachado de covarde
O que por ventura não lhe causa desgostos
Este muito se orgulha por não possuir pobres tesouros

Afincando entre os cadáveres a bandeira branca de paz e união
Insígna da sua sagrada impessoalidade, fundo sem parâmetros
Torna-se perdido e desconhecido de toda constelação

O esforço degenerado é incompatível com a simplicidade
Quanto mais impoluta, favor não venhas a presumir
Que não se torne tal alma capaz de vir a ser mais pura
Quiçá mais que a minha, que a dele, que a tua.

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