domingo, 1 de dezembro de 2013

A Grande Ironia da Vida (Pedro Drumond)





A Grande Ironia da Vida
(Pedro Drumond)

Apagada a luz do quarto - infinita penumbra -
O lamento da chuva a despencar lá fora
Enquanto tudo faz-se escuro e frio,
Torna o consolo vindo de cada tragada dada no cigarro
Um choque para minha alma que aos poucos se desvanece
Na fumaça e na presença intrínseca de minha companhia
Reside o fantasmagórico silêncio
Carrego-me, arrasto-me, estou pregado em mim...
Por fim, nunca tive o privilégio da solidão!

Cada minuto seguido no intervalo dos meus pensamentos
Da minha brisa, da minha fantasia
É produzido por um desencantamento
Que nunca me convenceu de sua real utilidade
Estou insone e faço parte da esquerda do descanso vital
Testemunho passagens desconhecidas do grã público
No decorrer das atos noctívagos...
Por fim, nunca estive tão morto!

Aplaudido pela chuva encantada
Convenci-me de que a grande ironia da vida
É que nela entra-se puro, sem nada saber
E dela retira-se espúrio, sabendo menos ainda
Tudo, que em verdade, nela é edificado
Serve apenas como nau até o destino do princípio fatal
Desse ponto o que posso levar é o meu amor declarado
Pela impossibilidade do consumo, seja por sorte ou azar
Assombrados em demasia por toda esse bobagem de posições
Saberão todos que fui demarcado pelo castigo fatal,
Buscando trapacear o alívio meliante
Que a todos abordam, chamado morte.

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