quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Areia Movediça (Pedro Drumond)




Areia Movediça
(Pedro Drumond)

A vida é um oásis, cada pessoa não passa de uma miragem
E conhecemos mais os outros a medida em que sabemos
O que deixaram cair ao longo do trajeto de seus desertos pessoais
Somos aquilo do qual sentimos falta
Somos a presença da ausência que tanto enaltecemos
Somos solidões em busca da companhia de outras iguais solidões

A deusa das nebulosas disse-me que eu precisava atravessar o portão
Que eu deveria sequestrar a vida ao invés de resgatá-la
Ela pressionou-me, mandando-me atirar no mundo,
Porém mau sabe ela que eu sei o que a tornou deusa
Foi ter decaído, nos seus tempos de donzela, no abismo da vida
E de lá ter se projetado em outro nível de ilusão, de mentira
Um ser humano carrega a divindade na alma
Quando não é mais direcionado pela correnteza da sua euforia

Vagar de portão em portão
Com a alma extinguindo-se na mão
Pedindo revitalização, pedido amor, pedido emoção
Vagar de portão em portão
E me deparar com os mais diversos tipos de seres
Não existe ninguém do outro lado da rua a me acenar
E ainda que eu saia para tentar a sorte
Só consigo voltar para o meu lar com as migalhas recolhidas
De sexos (salvo raras exceções) sujos
Desertos pessoais, já me referi... Eu sou uma areia movediça!

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