domingo, 15 de dezembro de 2013

Do Amor, Da Melancolia & Da Vida (Pedro Drumond)





Do Amor, Da Melancolia & Da Vida
(Pedro Drumond)

O amor se tornou um negócio qualquer
E deixou de ser um enigma para ser uma revelação
A felicidade se tornou uma infeliz obrigação
E se impõe como um escárnio impiedoso
Aos que lhe forem incontingentes

A maior ilusão do ser humano
E o grande atenuante dos seus sofrimentos
Provém da auto importância que ele dá a si mesmo
Sem avaliar, às vezes, que ele pode ser muito pequeno
Para ser digno dos grandes tormentos que professa
Muitas vezes se teu calo é pisoteado
Não é por se tratar de ser teu, talvez tenha sido
Por ser confundível a uma pedra camuflada
Que estava a deriva no caminho alheio
E simplesmente se perdeu!

Não é querendo menosprezar a sensibilidade
Nem tampouco o caráter das dores de cada um
Mas acredito que devemos ser os menos fantasiosos possíveis
No que diz respeito a nossa primazia no universo
Há a vida, juntamente com o transcurso dos tempos,
E no final da ponte, a tal da morte
Se somos grandes o bastante
Para sermos feitores de maldições e milagres
Por que também não seremos pequenos o suficiente
A ponto da grande preocupação da vida não ser o nosso fim
E sim, no caso, o nosso entendimento?

Quem pensa ser o ser humano para se sentir tão condoído?
Ninguém é tão alguém para trair ou ser traído
Fidelidade de corpo não é a mesma coisa que lealdade de alma
No entanto quanto mais o tempo passa
A espécie humana se atrela pela sua infantilidade - Nem os mais
Enrugados escapam à incongruência desse paradoxo desconfigurado

Do amor, da melancolia e da vida
Só me resta deixar fluir o que houver
Pois não importa o que me fizerem, o perdão serve para tornar a tragédia banal
Para que não venha se acumular, como dejetos do sentimento pessoal,
Os espinhos de coroas, de corações e de almas

O segredo da vida é o esquecimento
E o amor já se basta
Como um dos maiores esquecimentos do esquecimento
E tu, caro ser, assim como eu, conforme-se logo,
Pois o grande nada faz de tudo que nos concerne
Um libreto improfícuo!

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