domingo, 1 de dezembro de 2013

O Romance das Mãos (Pedro Drumond)




O Romance das Mãos
(Pedro Drumond)

Ah, as nossas mãos!
Sim, como numa trama épica,
Como numa ópera colossal,
Nossas mãos foram protagonistas
Do enlace e deslace de nossos sentimentos
Seja por bem ou por mau

Minha história, caro leitor, começa pelo fim
Posso dizer que a última vez que estive com o meu amado
A cena que marcou nosso último ato
Como uma enredo que se leva por toda vida
Foi a do aperto angustiado e a liberdade aliviada
Dada pelo encontro e despedida de nossas mãos
Quando o laço que une e separa as almas aconteceu
Pendi minha cabeça para baixo afim admirar as protagonistas
Logo, ao se separarem, o que nos restou
Se não seguir nossos destinos opostos,
Já que nossas mãos foram fundidas e rompidas
Pela derradeira vez?

("Derradeira vez", "Primeira vez",
O homem não devia intitular o tempo
Já que é marionete dele. Mas enfim...)

Minha história prossegue, caro leitor,
Agora estamos no meio da trama
Nesse vago, eu e o meu amado, estávamos em meio a amigos
Gente jovem, risonha, a inocência reunida!
Estávamos sentados um ao lado do outro
Enquanto os outros palestravam sobre suas bobagens juvenis
Meu olhar, orgulhoso, fixava o horizonte
Apesar de que de soslaio eu não relutava em lhe enamorar
E ele, disfarçadamente, levou sua mão à minha,
Nesta hora desprevenida, e qual pluma perdida,
Suas mãos pousaram em mim sem que ninguém percebesse
Ele dirigiu-me um sorriso, não sei se cínico ou pueril,
Mas um sorriso carregado daquela gentileza torturante, algoz
Dos seres que não amam, mas aproveitam-se bem do fato
De serem amados

Minha história, caro leitor, está chegando ao final
Vamos para o começo de tudo...
Era um dia de chuva (Sempre a chuva!)
E eu voltava de algum lugar qualquer
Quando encontrei aquele cavalheiro
Sentado no meu devido lugar
Fiquei atônito, desorientado
Por um instante sem saber o que dizer
Olhamos-nos profundamente
E logo vieram os acenos habituais,
Contudo a empatia bruta revelava-me que aquele ser
Já conhecia o segredo da minha alma
Até mesmo antes de mim

E pela primeira vez nos demos as mãos
Ah, as mãos! Instrumento tanto de carinho, como de agressão
Nos ligamos, naquele instante, por um laço feito ao apego dos dedos
Hoje, esse laço, que pelos cortes do destino, fez-se desfeito
Ainda não foi capaz de romper o que sinto
O que foi passado de um para o outro secretamente
Desde minha essência à sua falta de valor
Torna minha história um conto de carochas
Levando o título de "Saudade, Tristeza & Amor".

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