sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Imortal & Falecido Silêncio (Pedro Drumond)




Imortal & Falecido Silêncio
(Pedro Drumond)

Se o sofrimento é o respaldo mais fidedigno
A ter do amor que na vida venho nutrido
Que ele me venha à alma logo e sem cerimônias!
Se é por meio da melancolia, da doce tristeza
Que posso celebrar a vida amada
No decorrer de sua presença junto a mim
Que a minha fonte de lágrimas
Novamente transborde e deixe de ser seca

Um dia eu fui gente, uma vez eu existi
Uma vez morri pelo que o coração
Mais e menos sente - uma vez amor eu senti!
Que saudades na verdade tenho de mim
De quando só me sobrava
A pureza da alma
De quando meu anjo interno
Não anunciou o meu legitimo fim

Das fontes, das nascentes, das raízes
São delas que brotam nossas existências
São a partir delas que construímos nossas essências
Até que nos aproximemos
Da superfície de nossos sentimentos
E nos vejamos sujos, poluídos,
Fracassados ou corrompidos
Mas sempre cientes de podemos voltar
Quando quer que quisermos, imbuídos
E cientes de que temos ao que nos ater

Eis a grande obra de arte da vida:
Ao invés de inventar, não esquecer!
E logo viver a partir disso
Eu tenho o pouco que me resta
Para finalmente decidir
Se devo ficar ou partir
Deixando pistas
Do quanto o amor me fez
Humano ser, ser humano
Ou ocultando satanicamente
O que na realidade atual
Não sou mais capaz de viver

Retirado de todas as serestas,
Me banha o sereno
Só me resta o amor, a dúvida, a fantasia
E meu imortal e também falecido silêncio...

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