domingo, 8 de setembro de 2013

A LUA & VÊNUS, UM LINDO CASO DE AMOR! (PEDRO DRUMOND)



A LUA & VÊNUS, UM LINDO CASO DE AMOR!
(PEDRO DRUMOND)

Eu presenciei um lindo caso de amor nos céus
No justo palco dos anjos e dos demônios
Que cantavam os agudos e os graves
Repletos de nuances coloridas
E encenavam, todavia, o sereno silêncio
Das óperas cósmicas
Sim, meu caros, eu presenciei
Um lindo caso de amor nos céus, Ah!

A Lua e Vênus estavam como que abraçados, um ao outro,
A Lua e Vênus estavam ali, vendo os mortais,
Do alto de um infinito exclusivamente deles
A Lua e Vênus às vezes choravam, às vezes riam das odisseias
Que por fim definiam os nossos sentimentos

A Lua, estava com um véu, a cobrir sua beleza, porém sem deixar de expô-la
Junto ao resquício de um beijo vindo do seu derradeiro amante - o Sol -
(Então, era-se minguante ou crescente... Eram duas em uma...
Milhares são os portais do único e misterioso caminho
Que é uma mulher, assim como a Lua)
E Vênus, para mim, podia ser só uma estrela,
Caso eu ignorasse sua natureza,
Mas era mais do que isso, bem se sabe...
Vênus era uma vida inteira, majestoso, glorioso
Vênus era o amor planetário que na sua pequenez,
Destacava-se grandiosamente, ao lado de um monumento
Com o qual consumia da sua mesma glória e fracasso
Vênus era o amor na sua humilde marcação
E presença marcante frente a uma grande platéia
Na dimensão mágica que reveste os palcos

Assim como é a vida e a morte
Assim como são os homens e o Deus que inventaram
Assim como é a magia, a fantasia, o absurdo,
Os sonhos e as realidades concretas
Aquele espetáculo era apenas uma alternância de essências,
Uma variação das obras de arte - qual a picada venenosa de um inseto
E a carbonização vinda das chamas que se alastram no corpo lentamente
A consumirem a carne não separada da alma de um homem,
O nascimento de emergência, de um ser que nada era,
Porém doravante possuiria um futuro prometido
Afim de que se tornasse o que bem ou mau quisesse
Ou o nascimento previsto, ensaiado, confortante
De um ser que nem sabia quem era
E do que fizera para ser exilado do reino esquecido
Para conviver com o resto da humanidade
Inconformado pela falta de utilidade .

Assim a Lua e Vênus deram um espetáculo aos nossos olhos
Ora, admitamos, os deuses existem!
A Lua e Vênus me fizeram ingenuo, comedido
Arrancaram-me até um sorriso de menino...
Ah, quão bom é presenciar uma milagre
Ao invés de somente imaginá-lo
A Lua e Vênus me imbuíram revelar um anseio primitivo
Curvando-me até ao que não me sujeito - a prece -
A Lua e Vênus despejaram sobre mim o gozo do seu amor
E eu o ingerir, confesso, mas saibam que não existe sabor
Mais intransmutável e delicioso que aquele
Enquanto eu via aqueles dois universos
Se acasalarem num universo só,
Eu pedi aos deuses, então amantes, que escutassem os suspiros
Os suspiros de um apaixonado há tempos exaurido de si mesmo:

"Assim como a Lua & Vênus,
Que se cruzam na distância universal
Somente para respirarem o mesmo ar
E provarem que o impossível não existe
Que a vida me traga o meu amor Venusiano!
Sim, o meu amor Venusiano, foi isso que eu disse...
Furte-o d'onde quer que ele esteja,
Furte-o, pois também sou uma Lua,
Mais que cheia, mais que minguada,
Sou uma Lua eclipsada de estar há tempos
Na profundidade dos oceanos solitários
Sem ter sequer quem me lumie...
Que a vida traga o meu amor e que o nosso elo
Assim como a união da Lua & Vênus, se eternize!
Que o meu coração jamais desacredite no amor, jamais,
Pois até os astros formam seus pares um dia
(Ainda que tenham que contar os milênios para isso)
Ainda que a solidão seja o desgaste das minhas juras aliançadas
Que eu encontre ou volte a me deparar com o amor - caso seja ele o meu futuro ou passado -
Que eu ame em companhia dos silêncios e dos versos
Que eu ame dos grandes aos pequenos momentos
Que eu ame, simplesmente, mas descubra a glória que é ser amado
Amar e ser amado... Assim como a Lua & Vênus".

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