terça-feira, 17 de setembro de 2013

Mágoa Silenciosa (Pedro Drumond)



Mágoa Silenciosa
(Pedro Drumond)

Mágoa silenciosa
Da própria falta de ar
Dos irredutíveis limites
Da natureza da mente
Mágoa silenciosa
Que não ei de enxotar
Por mais que a vida seja insistente

Mágoa silenciosa
De saber o tamanho do infinito
E não conseguir preenchê-lo senão com a pequenez
Mágoa silenciosa
De desconhecer o destino
De me travar em tantas inutilidades
De ver que a beleza que venero
Não é a mesma que reconheço em mim
Mágoa silenciosa que se instala de uma só vez

Mágoa silenciosa
De ter o coração aberto para o divino
E de só poder ser comum
Sonhos infantis de um anjo em desalinho
Desfilam na tela do seu pensamento
Por já ter escolhido o seu veredito
Sem a chance de decair por uma transgressão
Que ao menos lhe trouxesse conforto

Mágoa silenciosa
De ter tido o privilégio de embalar o amor ágape
E viver no inverno dos encontros
Que não duram mais que um gozo
Mágoa silenciosa
De ter feito de religião a arte
E não ser mais que um mero figurante
Num mundo por fora encantador, mas por dentro oco

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