Mágoa Silenciosa
(Pedro Drumond)
Mágoa silenciosa
Da própria falta de ar
Dos irredutíveis limites
Da natureza da mente
Mágoa silenciosa
Que não ei de enxotar
Por mais que a vida seja insistente
Mágoa silenciosa
De saber o tamanho do infinito
E não conseguir preenchê-lo senão com a pequenez
Mágoa silenciosa
De desconhecer o destino
De me travar em tantas inutilidades
De ver que a beleza que venero
Não é a mesma que reconheço em mim
Mágoa silenciosa que se instala de uma só vez
Mágoa silenciosa
De ter o coração aberto para o divino
E de só poder ser comum
Sonhos infantis de um anjo em desalinho
Desfilam na tela do seu pensamento
Por já ter escolhido o seu veredito
Sem a chance de decair por uma transgressão
Que ao menos lhe trouxesse conforto
Mágoa silenciosa
De ter tido o privilégio de embalar o amor ágape
E viver no inverno dos encontros
Que não duram mais que um gozo
Mágoa silenciosa
De ter feito de religião a arte
E não ser mais que um mero figurante
Num mundo por fora encantador, mas por dentro oco
Nenhum comentário:
Postar um comentário