sábado, 14 de setembro de 2013

Do Amor, uma vez sendo, já outras mil, não. (Pedro Drumond)




Do Amor, uma vez sendo, já outras mil, não.
(Pedro Drumond)

É uma absurda ignorância de minha parte questionar o que os outros definem por amor. Logo eu que na minha saga, o capturei por raízes de verdades duvidosas, para ver se alcançava ao topo, o fruto de sua compreensão. Quem sou eu? Menos que ninguém para isso.

Mistura-se contudo a natureza emocional com o que não é de natureza humana. E isso não me segura a polidez, portanto lá vou... Encerra-se com um ponto final mais um caso de amor. Logo inicia-se em seguida o próximo, com tamanha verossimilhança, que não se sabe se o amor é mais um conto ou uma história verídica. Intensamente, exaurir-se sempre intensamente, contudo fugir às naturezas que já não ecoam tal nivelamento. Desdobra-se o quão puder e mais além...

O amor, uma vez diagnosticado pelo funil da nossa consciência, pode ser extremamente invicto, sem precisar da posse ou da relação. O amor se descobre amor só quando deixou de ser um acontecimento atuante. A questão é que precisamos da realidade, mas teimamos em deixar o amor a correr no abstrato, no virtual. Os sabores que a vida apresenta não têm valor perto daqueles que preferimos acreditar que haviam de existir. É humano. Mas controverso. Chama-se de inferno o que é céu e de céu o que não passa de inferno. Dá-se mais facilmente a alma desnuda para quem não possui visão sensível e apurada, esperando que essa seja bem interpretada. E toma-se por veneno o que deveria ser cura, tantas pérolas aos porcos já atiradas, mas não polidas o bastante a ponto de ver o próprio reflexo do ser, precisando mais de uma aceitação ao invés de uma entrega deliberante. Chama-se muito cedo de amor como se facilmente perduramos na convicção até depois que já foi tarde. Assim mitiga-se a natureza do amor. E não condiciona-se na essência disso. É a diferença entre boneco sem vida e o homem crente de sua alma. Ambos, contudo, manipuláveis.

Temo por quem não consegue desassociar o amor da desilusão da qual todos são feitos. Por maior que seja, nossa relação mental e emocional, com esse nível de espírito, não deve se equivocar. Havemos de transpor as dores, esses entulhos ou móveis empoeirados e esquecidos num canto, pois é o abrigo quem os contém, não o contrário. O amor sendo abrigo, como sentir-se dono de si mesmo situando-se nele? Muitas vezes fomos mau compreendidos ou nem perto disso até digamos. Agora quantas vezes também não soubemos entender o que o amor esperava de nós? Como merecia ser de fato reconhecido e não opinado? E nos pusemos a sair por aí, muitas vezes tendo por axiomas, nossas blasfêmias, do que as esperadas verdades relevantes. Permaneceremos a avaliar o amor, mais por não termos sido capazes de conter a sua totalidade, sermos incorporados por ele, que o contrário.

Amor quando não é amor, mas assim tido. Quando, não podendo sê-lo, dito feito acaba por torna-se amor! Que loucura poderia ser essa do amor, uma vez sendo, já outras mil, não?

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