sábado, 28 de setembro de 2013

Absurdo, O Calabouço do Espírito (Pedro Drumond)




Absurdo, O Calabouço do Espírito
(Pedro Drumond)

O olhar superior de quem deu-se por entendido a causa de uma revolta
De uma inquietude, de uma aflição, de um comportamento amaldiçoado
É mais penoso por não ser imbuído de comoção

A natureza é fria, Deus é frio, a sabedoria é fria
Quanto mais compenetrado, mais se torna ilícito
O silêncio por respeito ou por simples falta de vontade, necessidade
Em chocar-se com a ignorância, com o caos, com a incoerência alheia
Como se tudo não fosse feito de reflexos do universo

Existe por trás do medo humano
Um calabouço do espírito que é mais peçonhento que a emoção
A isso se dá o nome de Absurdo

Como consentir com o fato de que criaram programas,
Metas de vida, metas de espírito
E os seres se contentam com qualquer coisa
Como se não fosse sabido a facilidade com que admiramos o irreal?

Como consentir que hajam pessoas estúpidas
Que querem se tornarem absolutas na felicidade
Sendo excludentes de outras essências?
Quero quebrar a corrente de tudo o que se une para me abraçar
Que eu caia no abismo do infinito, mas jamais fique a boiar sobre vereditos
Escolher algo ao mesmo tempo é abrir mão de todo o resto,
Perceba o quão somos atolados!
Toda conclusão é uma morte, mais do que da inteligência,
E sim da verdade

Mesmo que haja um certo tom de niilismo, sujo e barato,
Por detrás das minhas expressões, tudo o que não posso
É me dar por satisfeito, sanado de minhas frugalidades,
No que diz respeito ao extremismo, verdadeiro hálito de muitos mestres,
Não... eu quero continuar sendo um zumbi
À ter uma vida eterna com a alma empalhada ou banhada de verniz

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