terça-feira, 17 de setembro de 2013

Um Machado de Dois Gumes (Pedro Drumond)



Um Machado de Dois Gumes
(Pedro Drumond)

Não me há respostas, para quê agarrar-se às respostas?
Responder seria um crime, uma afronta a essa vida inescrupulosa
Não deixo de reconhecer o que lhe é de valor
Mas hoje percebo que a vida é tão infantil como todos nós
E se ela também quisesse há tempos ter findado e não conseguido?
Reparem quantas histórias vivem se repetindo
Ao longo dos séculos, dos milênios...
Quantas coisas hoje ditas aqui, já não foram antes percebidas
E não serão depois?
Ser humano é dividir-se num machado de dois gumes:
Sentimos dentro de nós todo o vazio que suga o absoluto, o incomensurável
E ao mesmo tempo tudo se esvai, como a expiração
De uma essência volúvel
Sentir-se inteiramente completo de tudo
E no entanto viver de nada
Ter conseguido se expandir a tal ponto
Que o que apenas restou foi ter ficado em pedaços
É estranho, sumamente estranho
Ilógico, irreal
Não é o que somos, não é nada que se quer
Não é, mas é!

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