sábado, 3 de dezembro de 2011

Algemas do Espírito (Pedro Drumond)



Algemas do Espírito
(Pedro Drumond)

O amor é um trago que eu permito me matar
Para trazer-me nesses instantes
A sensação de que tenho continuamente uma vida
E a perdendo relembro que posso recuperar

Me mato pela indução própria da saudade
Para que o desepero da alma venha gritar pelo meu nome
Fazendo-me então escutar a voz da verdade
Tal qual a ponta de uma faca diante dos meus olhos

Que trás-me o sorriso contido nesse instante em que choro
Que faz-me recobrar a visão perdida
Justamente por estar diante do precipício
Recuperando o que restou dos reflexos
De uma queda  no abismo

Preciso ardentemente da escuridão
Afim de  que não venha a abandonar a luz latente do coração
Antes de despertar preciso estar em sono condoído
Pois não há meandros de voar
Sem antes ter sido pressionado pelas algemas do espírito

Preciso compreender muito antes de dizer que não me situo mais
Não posso dizer adeus assim simplesmente
Sem antes olhar profundamente meu passado
Preciso de fato viver para saber a justa hora de virar as costas
Sem partir com o lamentoso discorrer "Tarde demais"

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