sábado, 25 de janeiro de 2014

Do Escritor (Pedro Drumond)






DO ESCRITOR

Desvelar o fundo da alma de forma brusca para o mistério do que é o ser humano - eis o papel dos escritores, dos poetas. Para nossa sorte são poucos que conhecem de fato a penumbra da alma e de lá podem voltar para nos contar algo a respeito. Poucos estão presos à essa liberdade, ainda que as bibliotecas e livrarias sejam um oceano de obras publicadas (em sua maioria, aspirantes). Eles sempre voltam porque se acaso nós irmos em seus lugares, perderemos a memória e ficaremos completamente desorientados, perdidos. Os escritores são os filhos do esquecimento, por isso são fluxo de visões, porque delas são excluídos de todo saber - não precisam darem-se o trabalho de manter a consciência. Sim, esses escribas da vida e da morte, assim como de toda cadeia de simples complexos que unem a separação do que somos e do que jamais saberemos ser, são talentosos em materializar nossas essências à pena e tinta porque na verdade apenas atém-se a si mesmos. Ao ater a si mesmo o escritor dilui-se em homem, e ser homem, ser humano, ainda é a maior das raridades. Aquele que o é, por sua vez só pode ser uma alma do deserto e ao mesmo tempo um fio condutor ligado a toda humanidade.

- Pedro Drumond

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