segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Incoerência (Pedro Drumond)






Incoerência
(Pedro Drumond)

O ser humano é capaz de ignorar
Com a frieza de um psicopata,
Com o coração petrificado de um necrófilo,
Um amor transbordante, verdadeiro,
Raro e celestial. Isso para dar atenção
E total apreço às toscas ilusões,
Às coisas mais vãs, banais e mentirosas,
Isentas de uma essência maior
Que perpetue em seu caminho.

O ser humano deixa de abraçar
Aquele que lhe nutre no peito
A maior das ternuras, o maior dos apreços,
Para agarrar-se com qualquer um
Que satisfaça seus instintos
E prazeres mais baratos e passageiros.

O ser humano não passa
De uma grande incoerência.
Depois de velho sente o peso da solidão
E depois ainda é capaz de dizer
Que fora o seu destino o grande ingrato.

O ser humana passa a vida inteira
Em busca de alcançar suas utopias,
Mas não sabe reconhecer quem o ama e idealiza.
Mesmo apesar das inconstâncias,
Junca sabe dizer quem de fato se dispõe
A permanecer ao seu lado.

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