segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

O Mais Tirano dos Devaneios (Pedro Drumond)




O Mais Tirano dos Devaneios
(Pedro Drumond)

E se a morte realmente atendesse aos meus chamados
E me fizesse subitamente partir num lance inesperado?
A saudade, a dor, o privilégio de viver e até a tristeza de amar,
Isso tudo eu não poderia mais sentir?

Estou cansado de escrever-te.
Fadado de não ter saído do mesmo lugar.
Estou aqui, sozinho.
E o tempo passando, passando...
Na medida em que cada vez mais
Vou sendo pressionado a fazer algo pelos meus sonhos.
Sonhos dos quais não estou mais à altura de escolher.

Até mesmo os outros casais
Sendo um dia destruídos
Pelo fato de estarem juntos
Puderam por sorte se amar
E eu? De que agouro posso me gabar?
Não estive nem contigo,
Quem dirá com mais alguém.
Por que não posso amar?

Nessas estradas sem destinos
Jamais me acompanhara uma sombra se quer.
Exceto pelo amor flagelado.
A sorte que me guarda será aquela
De não ter sucumbido ao meu único anseio?

Eu, que estou perdendo a única chance que tenho
De acontecer, de viver, de ser o ápice do meu limite,
Apenas sigo desorientado sem saber para onde ir.
Incapaz de confiar e de contar até comigo mesmo.
Eu deveria ser a minha maior prioridade!

Eu, ainda aqui, a sonhar por reencontrar o ser amado.
Já ele tem sua vida própria, coisa de que me esqueço.
Eu, mero idiota, que posso dizer que tenho?
Alguma esperança? Resta-me alguma solução?
Alguém afinal sabe o que é sanidade?

Eu sou uma folha morta, contorcida.
Sobrou-me da caixa de Pandora da vida
O mais tirano dos devaneios - a solidão!

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