terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Grande Desaforo (Pedro Drumond)





Grande Desaforo (Pedro Drumond)

O que não podemos é erguer muros
Ao redor dos nossos corações.
Não podemos generalizar as pessoas
E ainda assim esperar que elas sejam diferentes
(Veja só nossa falta de perspectiva!).

Muito covarde é aquele quem não ama por medo de sofrer
(Porque esquece-se de que também sabe fazer o outro chorar!).
Muito covarde aquele quem se isola para "não quebrar a cara"
(Como coisa que não é capaz de destroçar corações!).
Muito covarde aquele quem acreditou na desilusão
(E no entanto não provou ser uma desencanto distinto!).

O amor existe sim, mas ele só é capaz de viver
Naqueles que atingem uma dada essência
De regar, independentemente, o amor-próprio
Do qual o outro não é obrigado a estar presente,
Nem tampouco responsável por estar a altura
Dos planos e condicionamentos que se alimentam.

Que me perdoem então os humanos,
Que me desculpem os enamorados,
Que me relevem os que sempre chegam onde pretendem,
Mas o que não posso é acobertar o desgosto
De ouvir daqueles que jamais traduziram
O silêncio dos seus sentimentos,
Discursos banais e caluniadores,
Como se o amor fosse um grande desaforo.
Como se o amor não fosse um direito de viver.

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