segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Vovó Euzinha (Pedro Drumond)



Vovó Euzinha (Pedro Drumond)

Ainda que o mundo tenha-lhe magoado
E que somente à dada distância
A felicidade tenha lhe acenado
Abissalmente no vagão dos passageiros
Resfolegante alarde me fora causado
Nunca me é um momento derradeiro
Perdido, tarde
Para dizer-te o quanto por ti, ó, Deusa
Sou demasiadamente grato

Ainda que as rosas
Tenham-lhe somente deixado vestígios, espinhos
Este ser que através de ti floresceu
Hoje sabe que não falece sozinho
Ainda que te sintas desiludida no centro ou pelas ladeiras
Perante às almas que tanto lhe impediram maior saída
Por favor, não te esqueças
Sou nada mais senão o filho das cachoeiras
Dos ventos,  trovões e da então chamada Vida
E que dessa mesma tu foste a soberana
Cosmológica, rainha

Ainda que juntos nos debatemos
E separados o quão precisados um do outro reconhecemo-nos
Por favor, atenda ao meu pedido
Sei que essas palavras muito lhe refazem
Pois doravante mereces, ainda que carecendo, o melhor
Mesmo que este não se colha ao nosso redor
Sob justa igualdade
Não te esqueças que enquanto eterna fordes
Mais que infinito é por ti, mestra avó
Meu único de tantos amores

Por favor, voltes a olhar o Sol
E te sintas refecida, pois será desatada a trépida angústia
Que sordidamente febril lhe ergastulara mediante tantos nós
Quando oro à Deus, dito cujo me apresentaste
Por ninguém menos é por ti que clamo
Quando sigo os passos meus
Alçados aos ávidos vôos que muito me comprazem
Sei que foste como és, mais que mereço
Não obstante a existência que mais amo

Quem me dera fazer o mesmo amor que tu me recordas
Figura resvalada ao teu íngrime coração e vida
Mas enquanto dispuser da divina magia
Serás tu meu maior encanto
Minha eterna e aureolada, vovó Euzinha, eu ta amo tanto!




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