terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Caminhos Opostos (Pedro Drumond)



Caminhos Opostos
(Pedro Drumond)

A vida é um tanto imperiosa
Devo-lhe tamanho crédito e respeito
Cada passo em vão num boeiro qualquer
Segreda-me uma rosa
Silênciosa, vazia
Nada mais que um simples segredo

Vigorantes seriam as almas
Que livremente encaminhariam-se
Ao ergástulo do amor
Que outrossim mantêm por si
Já não dispersariam-se tanto
Quando, sob o comando dos segundos latejantes
Tivessem sido acorrentadas que nem gazelas
Tais como prisoneiras de uma estadia sem fim

Mas dignas mesmo, diga-se de passagem
São as estradas que a vida separa numa encruzilhada
Isso é um desaforo bárbaro
De sua própria ambição
Causa essa da explicada aptidão
Que possuem tantas almas afins
Para viverem separadas

São comboios esses que mereciam estudo fatalístico
Se no vigente mistério do existir almejante
Não fôssemos sentinelas de intímos perdidos
Vulneráveis às tantas estradas
Que a vida há de bifurcar

O amor verdadeiro nessa hora
Traria-me mais que o deleite fragoroso
Não obtendo recompensas nem regalias
Pois minha satisfação já se conteria
Na presença assaz e pueril de amar

Sem sombras de dúvidas
A vida é majestosa, tirana simpática
Ao contrário do prazer
Sua dor não precisa de máscaras
Uma sacerdotiza que profecia destinos
Onde ninguém sai perdendo
Uma vez que em caminhos opostos, meus amigos
Aquele que não acaba ensinando
Sai aprendendo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário