quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Simples Tarde no Jardim (Pedro Drumond)





Simples Tarde No Jardim 
(Pedro Drumond)

Uma tarde diante das flores
Uma tarde sob a companhia das margaridas
Relembrando segredos, plantando amores
Uma tarde retirando da alma as mais murchas feridas

Uma tarde questionando a vida: - Por que diabos justo agora decidira revelar-me a sua magia?
Uma tarde de céu nublado e a vida lá fora me respondendo
Que o amor permanece assim mesmo simplesmente calado
Exceto aos ouvidos daqueles que não temem seguir seus mais nobres sentimentos

Garças inocentes nesse instante vociferaram uma divina orquestra
Respirei o perfume da alegria me vendo tal qual diamante, aliviado do peso das pedras
Tal como prisioneiro livre de seu arquitetado calabouço
Voltando a embarcar nas estradas ulteriores a sua jornada na letargia
Abandonado de suas tramoias, pois a riqueza que em si continha nos outros não havia
E agora regojizando-se como se nunca fosse outro
Sentindo-se dono de seu próprio destino
Vê-se liberto da única túnica que abafava seu espírito
A chamada desesperança, digna daqueles muito covardes para se afogarem no vazio

Anoitecia e eu já me recordava de que ao despertar
Não haviam quaisquer lábios trepidosos a fim de me vivificarem
Anunciando-me o dia que deveras lá fora havia de estar
Perante a essa hoste das virgens manhãs
Meu café solitário borbulhava ao mero trepidar das tristezas
Dissolvendo-se quase todo em seu amargo obscuro como açúcar sem doçura
Era o que me sorvia de alma pura
Sabendo que nenhuma devassidão deixaria de me prestar
As mais solenes realezas

Vim portanto aqui buscar o que sempre me pertenceu
E que a duras penas ousou do meu peito se escafeder
Tal qual essas flores ao vento, minhas dadas maestras
Lágrimas ruborizadas e os sonhos nefados a beça
Que do alto vieram rever-me depois que meu peito feneceu
Prometendo-me a paz de que tanto pretendia sucumbir antigamente
Sugestionando-me até que eu cantasse só por cantar
Em qualquer escuridão vinda de um rastro de luar
Até vir saber onde foi parar aquele amor tão meu
E sair por ai afora que nem fera louca
A perguntar qual seria o caminho mais próximo
Que me conduzisse a sua mente
Dando-me por aí então plenamente convencido
De que se assim permanecesse estaria a distantes léguas de cá onde estou
Isso é mais que uma simples tarde no jardim, pois vivi até então sem saber o que seria de mim
Enterrado a sete palmos de um estéreo solo do meu peito
Esquecido de ter-me dito quem realmente sou.

Um comentário:

  1. Oi, Pedro! Eu me despedi sim no orkut, mas foi nos dias que vc não estava on-line. Meu anjo, desculpa ter que sair assim de cena. Um dia vc entenderá. Estarei sempre por perto, lendo seus poemas e mesmo que não comente, pode ter certeza que estarei por aqui.

    Bjs
    Com amor
    Charlotte

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