La Dame des Catacombes
(Pedro Drumond)
Espetáculo trágico, bárbaro, hecatoédrico da vida
Sentimento realizado, perdido, restante
Jóia rara na liga decorrente da vaidade humana pelo sangue
Caber-me-ei em teu sótão, cara poetisa
Quem me dera o mundo fosse assim tão seguro
Quem me dera, amada, tu fosses apenas mais uma rosa
Cujos espinhos fossem doudejados e mais profundos
No entanto és poetiza, magna das palavras proibidas
E das minhas elucidações mais reprimidas
Não és mero crepúsculo de águas rasas
Nem cabes no ulular madrugo de raparigas notáveis todavia
Quero dizer, neste férreo momento estou a ter com quem menos era de se esperar
- La Dame Des Catacombes das ilusões mais que vivas!
Ah, poetisa ou ma dame, se preferir, mas saibas
És voz e decripte da alma, da minha
Da que foi e da que será - De quem mais seria?
Recorda-me os bálsamos das músicas antiquadas
Debandadas ao mais hostil cair-do-sol sobre minha sensibilidade noturna
Minhas fitas ainda rodam bem nesses gravadores antigos
Disfarço minha nudez diáfana, aguardando-te coberto pelo véu mais inefável
E com quem mais poder-me-ia conceber senão contigo?
Queria deparar-me com teus olhos no ponto de fixá-los
Levado ao chão, estupefato tal como cadáver
Ao ponto de refratar o espelho de teu íntimo
Por então aprisionar minh'alma
Enquanto dizes para mim:
- Me corrói na certa, tal como fera suja
Toca e dê vida a ditosa melancolia de seu violino
Sou Cibele, meu caro poeta menino
Visto que sou um ser solitário de corpo, alma e coração
Não obstante sou tua
"Tua", La Dame Des Catacombes
"Minha", opulenta poetiza amada
E amante sonhada, "nua".
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