segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

La Dame des Catacombes (Pedro Drumond)



La Dame des Catacombes
(Pedro Drumond)

Espetáculo trágico, bárbaro, hecatoédrico da vida
Sentimento realizado, perdido, restante
Jóia rara na liga decorrente da vaidade humana pelo sangue
Caber-me-ei em teu sótão, cara poetisa

Quem me dera o mundo fosse assim tão seguro
Quem me dera, amada, tu fosses apenas mais uma rosa
Cujos espinhos fossem doudejados e mais profundos

No entanto és poetiza, magna das palavras proibidas
E das minhas elucidações mais reprimidas
Não és mero crepúsculo de águas rasas

Nem cabes no ulular madrugo de raparigas notáveis todavia
Quero dizer, neste férreo momento estou a ter com quem menos era de se esperar
- La Dame Des Catacombes das ilusões mais que vivas!

Ah, poetisa ou ma dame, se preferir, mas saibas
És voz e decripte da alma, da minha
Da que foi e da que será - De quem mais seria?

Recorda-me os bálsamos das músicas antiquadas
Debandadas ao mais hostil cair-do-sol sobre minha sensibilidade noturna
Minhas fitas ainda rodam bem nesses gravadores antigos
Disfarço minha nudez diáfana, aguardando-te coberto pelo véu mais inefável
E com quem mais poder-me-ia conceber senão contigo?


Queria deparar-me com teus olhos no ponto de fixá-los
Levado ao chão, estupefato tal como cadáver
Ao ponto de refratar o espelho de teu íntimo
Por então aprisionar minh'alma
Enquanto dizes para mim:

- Me corrói na certa, tal como fera suja
Toca e dê vida a ditosa melancolia de seu violino
Sou Cibele, meu caro poeta menino
Visto que sou um ser solitário de corpo, alma e coração
Não obstante sou tua

"Tua", La Dame Des Catacombes
"Minha", opulenta poetiza amada
E amante sonhada, "nua".

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