quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Sem Domínios Nem Reservas (Pedro Drumond)



Sem Domínios Nem Reservas
(Pedro Drumond)

Saudade não é nada mais que uma despedida adiada
Daquele ser, daquela alma
Mais uma lágrima num poço, mais um poço de lágrimas

Assim como estáticas permanecem com sua luz e brilho
Luz e Estrela, ambas fiéis solitárias
Quando o breu se põe a caminho
E quem renega um abraço para um outro alguém
Semeia a rejeição da vida
Assim sendo minha alma por aí também vagueia
Mas nesse mundo não fica

Imagino tuas mãos
Perpassando-se nas esquinas de qualquer corpo
Numa carícia sem domínios nem reservas
Incoerentes todavia, buliçosas noutras
Chego a sentir como se a mim fossem dirigidos
Tamanhos enredos
Ritimados, soltos
Numa entrega total e absoluta!

Vai-te nas almas sem igual
Dos becos obscuros
Volta e encontra-me ilhada dizendo:
 "Meu amor, cá estou, ainda sou tua"

Deixo que nesse momento
Meu pensamento amargo
Crie imagens de espectros e abandonos
Ouço murmúrios, são teus fatigados sonhos
Sem decências, não me há medos, não possuo limites
Deveras foi-se em vão o meu esforço de tanto buscar-te
Arrebatado na intimidade estreita do teu desprezo
Coro lamentável das minhas inquietações, fato de amar-te.

4 comentários:

  1. Fiquei sem fôlego, Pedro! Que obra mais linda, sexual, romântica... Meu Poeta menino, quem seria a inspiração para tal beleza?

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  2. Não deveria nem sequer questionar, minha querida. Uma vez que adentrando no seu mundo jamais se sai novamente o mesmo de lá. Traga-se na barra da saia ou no centro do peito, seja o superior ou o declinável, a sua magia, a sua essência, o seu pudor sensual. Nada melhor do que você para ser a prima conjunta com minha obra.

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  3. Se eu fosse um poema, talvez o seja, seria você o autor de mim, meu Poeta. Cada frase, como se fosse sua mão em minhas curvas, em minha pele de branca lauda. Cada metáfora me desenhando, como se fosse tua boca rubra tingindo a tela inane do meu ser... Eu sou seu poema! Escreva-me.

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  4. Calo-me diante de tamanha plenitude, essa mesma que você desforra sobre as almas assim como a minha, amiúde, fazendo delas estrelas fulguras onde a música meditante dos deuses gregos vigora. Escrever-te? Assim como tu hás de ser o pergaminho para o encontro de mim mesmo, relato-te no final de toda vida, visto que minha poesia em ti é uma completude histórica.

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