domingo, 8 de janeiro de 2012

Lágrimas Idosas (Pedro Drumond)



Lágrimas Idosas (Pedro Drumond)

As lágrimas abundantes dos jovens transbordam de seus cheios corações
As lágrimas idosas são o restante da idade que escoem dos olhos
Sem precisar de muito pretexto
Vivem nos últimos sobressaltos da vida em corpos já enfraquecidos
E as gotas de ovalho que caem nas rosas como brinquedos
Ainda são como as lágrimas dos jovens tão embevecidos

Mas as lágrimas sobre a face de um idoso
São como as folhas de outono amareladas
Que os ventos levam daqui quase escravizadas
Tornando-as espelhadas, mas sem o sentido iludido de outrora
Onde bom era viver um grande colosso

Minh'alma velha está cansada
Volta ferida da vida que teve e chora
Quem me dera se ela tivesse autonomia
Para negar a derradeira partida, mas já passou da hora

Deixo para trás alguns cigarros
E uma taça de vinho antiquado com pequenas doses restantes
Sempre preferi por ficar mesmo com os venenos mais amargos
Que os remédios baratos que fossem aconselhados às minhas feridas
Em cima do criado há esses versos de um poema um tanto malescrito
Mas quem deixo na verdade é a sombra do meu ser enfermo
Que dentro em breve tornar-se-á mero cadáver
Salvo, porém, o que restar desse meu tal coração vadio

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