sexta-feira, 6 de janeiro de 2012
Noites de Tristeza (Pedro Drumond)
Noites de Tristeza (Pedro Drumond)
Assim os dias se foram como sombras
E se desvanesceram em neblinas
Deles nada restaram senão lembranças feridas
Hoje esses olhos que viam a beleza da primavera no entardecer dos campos
Nada mais enxergam senão a cólera das tempestades e seus invernosos prantos
Esse ouvido com qual ouvia a canção das ondas
Não me transmite mais no íntimo senão as lamentações das profundezas
E o ulular do abismo qual me atirei por pura temosia e afronta
Essa alma minha que contemplava respeitosamente o trabalho dos homens
E a glória do progresso no seu mais alto pico
Agora não mais sente senão a desgraça da pobreza
E a infelicidade dos decaídos
Como são belos os dias de amor com seus sonhos tão suaves
Como eu daria tudo para voltar a vivenciar neste meio
Mas no território do hoje me são muito amargas as noites de tristeza
E seus inumerosos receios.
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