quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

A Tempestade & O Furacão (Pedro Drumond)






A Tempestade & O Furacão
(Pedro Drumond)

O amor é mais importante
Que a vida e a morte.
O amor é o único capaz de nos salvar
Da profanação disseminada
Que nos causa os causos do mundo.
Por algo além do amor
É digno isentar-se da vida.

Por algo aquém do amor
É vergonhoso permanecer nela.
A vida nos educa a sermos duros
Que nem as pedras
Quando nos pusermos diante
De certas lágrimas que desfilam
Na cachoeira de nossas almas.
Ah, a tempestade... Ah, o furacão!
Eu era capaz de esmagar uma alma
Com os punhos fortemente cerrados,
Mas como bem souberam, abri minhas mãos
E lá se foi a minha incólume vida,
Toda embriagada da realidade nua e crua.
Conheci bem quem vivia por ilusão.
Eu já não era menos do que uma explosão
E morri sem pudor algum pela minha verdade.

Digo ao meu herói
Que fui sua companheira de guerra.
Mesmo quando ele se achava mais alucinado
Eu estava com ele tanto quanto, ele se via ao meu lado.
Ainda acreditas no desespero, meu amado?
Eu tive aversão a tudo e tu foste o único monstro
Do qual não senti um pingo de medo.

Protegida fui por tudo o que deixei,
Embora a única coisa que ficou comigo
Foi o amante zeloso, foi o ombro amigo
Foi o salto do desgosto, foi o amor infinito.

Havia um pôr-do-sol
Pairando sobre as nuanças do nosso céu,
Momentos antes de irmos para um festim.
Há de se lembrar do que falo
Por nós passavam crianças peraltas
E eu lamentava a inocência perdida.
Entre nós havia o mar e tu souberas
Me presentear com o reflexo de quem,
Mais do que todos, encontrou seu destino comigo.

Alianças jamais tiveram importância, creia.
O que digladiava meu ser
Era não afirmar-me com a fidelidade
Que dedicava a rosa ao espinho.
Ninguém deveria trocar-me de lugar,
Pois a única coisa que eu jamais viria admitir
Era que não haver um mundo para nós
Como não me houve quando desejei um trágico fim.

Chamem de trágico aquilo que chamo de coragem.
O amor é a única poesia que jamais será escrita
Assim como o meu perfume está incutido naquele chale,
Segredei aquilo que de ninguém mais ouviria - eu te amo! -
Levei tudo comigo, mas deixei-me contigo.

Pertinente em todos os sentidos
Tu te alimentas da força,
Pois não certamente fraqueza o que ofereces.
Entrementes, em nenhum princípio
Nada mais me imbui, esteja certo.
Poderia eu vagar em diversas trevas,
Mas é no teu coração, meu amado, ser quisto,
As trevas que sempre tive a pretensão de vagar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário