quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

A Beleza das Trevas (Pedro Drumond)




A Beleza das Trevas
(Pedro Drumond)
Existe algo mais divino que a beleza das trevas?
A partir de hoje, acreditando eu
Que era plenamente escutado pela vida,
Fui um apelo, fui uma sinceridade,
Fui mais que uma verdade
E menos que uma mentira.
No entanto, sem mais novidades!" - nada me respondeu.
Ninguém me respondeu! Nada aconteceu!
Nada desapareceu?

Continuei ali, qual infante,
A atazanar os ouvidos sensíveis
Deste silêncio do qual a vida é feita,
Querendo ser mais do que um ser humano.
Desmerecendo a guerra, mas não os aliados.
Da vida partindo sem alegrias nem tristezas,
Apenas sabendo o preço do pesadelo
De ter evocado os sonhos do meu íntimo.
É tenebroso ser mais realista e nítido
Aquilo que os homens maquiam como fracasso.

O que o destino me reserva?
Ora, não me atordoe com perguntas tão estapafúrdias,
Acaso não vê que estou muito ocupado?
(Ocupado com o quê? O que há de tão importante para mim?)

Não, se quiser não precise ficar ao meu lado
Estou olhando no espelho, estou olhando a paisagem.
Estou olhando o segredo, estou olhando a miragem.
Estou olhando apenas amim mesmo
E o nada que levo desta grande viagem.
O que o destino me reserva?
Deveras algo mais divino que a beleza das trevas.

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