terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Carta P/ Uma Poetisa




Sabe aquelas partes ocultas da alma da gente? Que nosso olhar jamais transparece, mas nossa silenciosa consciência a cada respirar timbrado faz questão de nos recordar? Podemos ser grandes pomares, adornados em beleza e frutos de toda espécie, mas nossas raízes são profundas, ó senão! Muito dimensionadas, espalhadas, emaranhadas num leme tão, mas tão oceânico da nossa alma, que só o ulular cruciante das noites sombrias ou um passarinho infantil que desfalece com suas asas partidas mediante o pôr-do-sol, compreendem o ponto que não tem começo e por vezes nos faz lunáticos por não encontrarmos o fim - O amor.

É minha querida, minhas palavras são bálsamos para suas velhas feridas? Elixir da cura de antigas e soterradas dores? Pois as suas me trazem para minha essência que não é nem boa nem má, simplesmente é...

Ah, as soterradas dores! Digamos que o amor trata-se de uma tinhosa planta que cada vez mais vai florescendo, florescendo... perfurando esse quinhão de terras secas de nossas lágrimas já um tanto convertidas... vai, vai crescendo, ora deixando furiosos nossos fantasmas internos, criando tanta briga, tanta algazarra, por se tratar justamente de algo tão "aparentemente frágil" que nem treme ou desfalece com as mais maquiavélicas contra-invertidas das nossas dores, nessa guerra inútil onde elas mesmo se criam, mas não saem vitoriosas...

É isso mesmo, minha poetisa... de amor poetas não vivem nem tampouco morrem, mas são escravos do sentir... sentir... sentir... como algo que não é real e se mostra tangível, como algo tão puro e verdadeiro. Mas trazendo uma abordagem que afirma que para dois nesse terreiro não há suficiente lugar - Ou nós ficamos, como sobreviventes de um holocausto, ou o sentimento será destruído. O que escolher?

Como num sequestro onde o desequilibrado malfeitor dá direito de escolha às suas vítimas que hão ter de optar: Quem morrerá enquanto a outra vive? Seria a vida desta última a mesma doravante?

Quando olharmos melhor veremos que o amor ultrapassou o subsolo e ainda elevou-se muito além dos mais altos picos montanhosos e congelados. Nosso amor é o sol das geleiras. Essas se fragmentaram em milhões, ariscas que são em ainda não dissolverem-se, mas o amor que nós, poetas e poetisas, guardamos no peito ainda sim é aquele sol... Nossa luz. Jamais se esqueça!

Pedro Drumond

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