Subdimensionado em Sombras (Pedro Drumond)
Acordei em solidão. Acordei tarde
Olhei o dia, mas já era noite
O Sol se foi e eu não lhe aplaudi
A Lua, submersa na plena escuridão, eu não a vi
Acordei e a vida já tinha passado
A morte sobreviveu
Já eu perduro nem vivo nem morto
Mas num'outra dimensão
Imensa. Infinita. Desconhecida!
Limitando-me, reparei na quantidade de vestígios deixados no cinzeiro
Presumi o quanto, fortuitamente, tenho que esvaziá-lo
A fim de mais uma vez desfarelá-lo
Com minhas vãs e risórias expectativas
Talvez seja assim mesmo a vida - Algo que precisa ser preenchido de mim
E depois de muito degastá-lo, eu que me torno um ser apagado, qual vela
Sabendo que não fui a causa de seu fim
Mas o fim de minha própria causa será ela
Acordo na dúvida se ainda devo depositar mais um segredo
Aos ouvido daquele por quem tanto me inflamo
Caso ainda seja mister falar da minha vida
Do meu sonho, da minha saudade
Contornando o desprezo
É vero que ele irá escapar por entre estradas bucólicas
A espera de alguém que o distraia
Já subdimensionado em sombras, hei ficando
Enquanto nada pouco lhe importar meu apelo, sem desvelo
Meu surdinoso "Eu te amo".
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