quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Sinais de Precipício (Pedro Drumond)



Sinais de Precipício
(Pedro Drumond)

Quando somos caras limpas
Vulneráveis estamos a quaisquer tipos de aparições
Por isso que nas grutas lameadas da vida
Não é raro encontrar entre o prazer e o sacrifício
Seres imersos em dúvidas e turbilhões
Que como anjos ou demônios, vai saber
Seriam capazes de cegar os olhos d'alma sem o mínimo de pudor ou destreza
Seja com a luz inexorável da ternura e do viver
Ou com a lamparina azul escura das lágrimas turvas
Dignas filhas da Tristeza, essa dama última que tão bem cheguei a conhecer

Quem já andou guiado de escuridão sem saber o que é liberdade, como um dia fui eu
Quando engatinha pela luz habiamente se contém por relembrar tudo aquilo que outrora conheceu
Como quem voa nas melindrosas aventuras dessa vida, confrontando incontáveis perigos
Mas batendo suas asas  não apaga da memória a desventura de todavia ter um dia tido
Um coração que fosse desfarelado, partido

Não daria sequer um último suspiro a fim de refletir sobre algum desengano
Alguém que até certo ponto não conhecia a humana vestimenta covarde e ingrata
Ao ponto de mandar suas aspirações e medos no fim das contas irem-se embora
Seguindo marcha às puras algemas do ser humano, visando entregar o melhor de si
O melhor de ser quem era, falar o que falava, vestir o que vestia
Ouvir o que ouvia, ser quem se mostrava
Mas ainda assim hoje confesso
O melhor de mim está incutido em quem amo, fora isso não sobrou-me restos

Quando um dia reconhecemos que a melhor forma de viver
Não seria dando saltos quânticos, mas sim se desvincilhando dos espinhos do caminho
Não lutando contra as pedras da correnteza, mas sim contornando o obstáculo que não se choca com o rio
Poderíamos quiçá até estarmos a mercê disso - A plena felicidade conceber
Caso fossem o engano e a ilusão próprios daquele que não pensou sozinho
Acredito na luz das sentinelas sentimentais, se assim me permitem dizer
Mas não creio que eu venha conviver com alguém, até comigo

Com calma e espera outras margens virão
E nesse momento esse é o meu caso, apesar de sensitivo
E felicidade não é sensação passageira, é consumação
Por isso no mundo de hoje em dia repletos são os territórios
Onde as pessoas se esqueceram ou nem chegaram a saber quem são
Nem querem mostrar isso aos outros
Pois é-lhes mais prudente não indicar seus acrisolados sinais de precipício

Mas eu sou desses ó:
Não conheço a mim mesmo, pois a consciência é meu único poderio
E os sentimentos? Ah, meu amigo, os sentimentos! Esses são os meus preferidos inimigos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário