segunda-feira, 31 de março de 2014

Impelimentos da Alma (Pedro Drumond)




Impelimentos da Alma
(Pedro Drumond)

A alma me impele a fazer das coisas mais absurdas
A minha mais concreta normalidade.

A alma me impele buscar
Aquilo que não se encontra.

A alma me impele a sentir
Aquilo que não se sustenta.

A alma me impele a compreender
Aquilo que não se entende.

A alma me impele a desejar
Aquilo que não satisfaz.

A alma me impele a ser
Tudo aquilo que já não sou
Nem gostaria de ser mais.

A alma me impele a seguir meu itinerário
Na condição de um viajante perdido.

Sem mantimentos e sem as demais reservas.
Fazendo-me ficar impelido, quando em prece,
A não querer mais saber aonde vou.
Doravante procuro alguma forma de me esconder
Disso que os homens prevem como destino,

Sendo que eu, por minha vez, constato
Tal ideia, isenta de suas variantes e demais frestas,
Como um inexorável, longo e sufocante delírio!

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