domingo, 30 de março de 2014

Almas Sangrias (Pedro Drumond)







Almas Sangrias
(Pedro Drumond)

Um amor aéreo traduzido sob o aspecto
De qualquer outra paragem.
Apenas a angústia de amar
É o nosso alívio de existir - o resto? Bobagem!

Amar seres de paragens distantes
Como se tudo o que nos fosse dado
Se tratasse de afetos aspirantes.
Difícil é acreditar no chamado
Do que quer que esteja
Ao nosso mero alcance
Dessa forma, o tempo, de um modo orgulhoso,
Vai se tornando cada vez mais perdido.

Não existem momentos para as almas sangrias
Que nascem e morrem num mesmo suspiro
E eternizam suas próprias histórias
Que jamais ocorreram
Nas curvas de um mesmo instante.

Ter o corpo preso à Terra
E o coração ligado aos céus,
Assim alguns amantes
Afrontam a medida certa
De se conectarem ao amor,
Regido sob o percusso dos mausoléus
Próprios de um mundo estranho,
Onde quem aparenta-se imbatível
No final das contas é o mais propenso dos falíveis.

Estamos em uma dicotomia distinta.
Estamos aquém de nós e além da vida.
Estamos com as nossas almas numa sangria aguda!

A única coisa que queremos saber
Não é aonde estamos ou para quê serve coisa alguma.
A única coisa que de fato urgimos em ser
É a sombra de quem não acompanhamos.

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