segunda-feira, 21 de outubro de 2013
Profícuo Silêncio, Desafinado Consolo (Pedro Drumond)
Profícuo Silêncio, Desafinado Consolo
Somos incomodados que vivem numa luta diária para não nos acomodarmos
Aconselho a sempre contestarmos
Aqueles que dizem para nós e para si mesmos - "É tarde demais..."
Enquanto a morte não se consumou, mon ami, nunca é tarde!
Ainda há sempre o que fazer, ainda que a estagnação
Dê seu único prelúdio ao próximo ato
É justo ter esperança, todavia mui pernicioso
Que tipo de espécie é essa, o homem, responda-me, seu moço!
O que justifica esse ser que logo não será mais um ser?
O que justifica esse ser que há milênios vem promovendo confortos
E fez das crenças, das trovas e das disputas, suas algemas
E hoje derrama o fel da crítica mordaz, muitas vezes incoerente, como sua arma?
O que fez das vozes internas deste rádio sem estação, que é o homem,
Repousarem em profícuo silêncio e desafinado consolo
Sobre camas de pregos que lhe garantem uma era negra
Onde seus sonhos desdobram-se sobre fetiches lancinantes?
- Pedro Drumond
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