sábado, 19 de outubro de 2013

Fracasso, Marionete dos Desenganos (Pedro Drumond)





Fracasso, Marionete dos Desenganos
(Pedro Drumond)

Conhecemos um homem mais pela maneira
Como ele lida com os seus fracassos
Do que com suas vanglórias,
Porém o que dizer daquele que é marionete dos desenganos?
Aquele que não dá para se conhecer
Na medida em que desaprende a viver
A cada passar de ano?

Preciso roubar do armazém dos deuses
Uma dose de narcisismo - Esse que me impedisse de desfrutar aventuras
Com pessoas que não sejam iguais a mim
É vero que as misturas complementam e até transcendem o ser
Mas o desmistifica e desintegra de todas as formas

Vou juntar-me aos seres da minha espécie
E pode ser que essa obsessão
Me leve a me namorar ou aturar-me por tempos intermináveis,
Fazendo com que eu morra sem ninguém e até sem eu mesmo
Mas só sei que não posso mais me misturar
De muito estou infectado, portanto creio
Que me tornei um parasita - Passei a infectar -

Quando foram me avaliar
(Seja acompanhado de Anúbis para o mundo das penas, das balanças,
Da verdade de Maat, da fome demoníaca de Ammit, ou seja pela peçonha
Que escorre nos lábios dos parentes, dos mestres
Dos amigos, das divindades interiores), eu já estava um tanto atônito
Absorto no silêncio espantado e resignado
De quem só fracassou, mesmo tendo salvo vidas, arquitetado amores
Dado conselhos disfarçados de sabedoria, sido um porto-seguro

Já tive o "privilégio" de me testemunhar no extremo do ridículo
(Todo o meu bom-senso não passa de disfarce)
Sou uma farsa. Uma completa farsa!
Sinto-me bem em mim, mas digo que não sou o melhor cômodo
Para servir de exílio, para o bom repousar
Do amor, dos estudos, da arte, da família,
Das coisas mais banais às mais importantes - Mero fracasso! -
Cometo erros onde tenho facilidade para o êxito
E com facilidade cometo acertos aonde haveria de ser errado
De que adianta ser tão avançado interinamente na vida
E um atrasado para o mundo?

Não sei viver!

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