sábado, 12 de outubro de 2013

Palavras de Uma Vida Jogada ao Vento (Pedro Drumond)





Palavras de Uma Vida Jogada ao Vento
(Pedro Drumond)

Como ter o espírito preparado
Se a vida nos vira de cabeça para baixo
E nos sacode violenta e brutalmente
A ponto de nossos sonhos e amores
Caírem despedaçados ao chão?

Estatuas se fazem para os homens
Que mantinham convicta e fortemente
O olhar em direção a distância do futuro e sua esperança
Como entendê-los?
Talvez não era a esperança que tanto almejavam
Era somente o desespero
Que lhes caracterizavam um ar displicente e vago

Quantas vezes regressamos?
Qual foi, de fato, o verdadeiro passo que demos
E que não nos fez voltar para trás?
E se nos restar apenas nos acomodar
No calabouço da alma, prisão pior
E mais torturante que essa - a Vida - onde nos encontramos
A dividir nossos sonhos pungentes e lágrimas carcerárias?

Sinta o inexistente, antes de tudo,
Mergulhe mais uma vez no profundo abismo do nada
A vida é uma causa perdida,
Mas não podemos perdê-la por qualquer causa
E loucuras sempre clamarão atenção às outras loucuras
Elas se entendem, passam a mesma fome,
Mas jamais saberão suprir o que lhes faltam, por mais que se deseje.

A mim só cabe atender os chamados - dos mais urgentes aos mais inúteis -
Desde o copo d'água àquele que vem dos desertos,
Desde o remédio ao enfermo, desde lavar as fezes que banharam o chão,
Até os corações que estão a batalhar no campo
E pedem uma brisa que os alivie, alguém que esclareça o significado da dor
Um excerto sobre os complexos do universo
E mais algumas palavras que restarem, pois são tudo o que tenho -
Palavras de uma vida jogada ao vento.

Nenhum comentário:

Postar um comentário