terça-feira, 1 de outubro de 2013

Os Marasmos da Vida (Pedro Drumond)




Os Marasmos da Vida
(Pedro Drumond)

As pessoas amam ideias, dificilmente amam os fatos
Será que eu vou ser, até o findar dos meus dias,
Uma saudade viva? Perdida? Sem memória?

Um tiro no escuro, a audaciosidade de largar tudo
E então, cautelosamente, se arriscar
Com que razão negligenciamos os nossos limites
E nos atiramos em abismos para alcançar amores
Que não hão de amortecer as nossas quedas?

Que fazem esses sonhos de mim
Quando resolvem desfilar em minha mente
E de forma inadvertida cospem, com prazer, sobre as minhas vísceras
E me atiram de lá para cá, ora numa vida sem sentido,
Onde não haja força plausível que sustente a minha pessoa,
Ora para uma vida totalmente relevante, imprescindível
Cujo o maior ensejo é eu não ter sido excluído da categoria
E ter por conhecimento que existem estrelas
E outros tantos milagres da natureza e que por fim eu existo
(Quando é que eu ia me imaginar?)
Acompanhado da estranha sensação de trazer o mundo por dentro
Sem excluir o fato de que a vida humana segue seu destino
Na apaixonada procura dos buracos negros


Há dentro de nós, uma espécie de Ser
Que quer ser maior do que nós somos
Sempre nos pressionando a nos sentirmos em dívida conosco
A espalhar culpas que foram simplesmente expectativas
Que nunca deveriam se associarem à nossa imprevisibilidade
Eu não sou nada de ninguém
Eu não pertenço a mim
O que posso ser é somente isso - Um desdenhoso da minha consciência
E um deslumbrado com os marasmos da vida e suas invalidades
Abandonemos o "Conhece-te a ti mesmo"
E fiquemos com o "Inventa-te a ti mesmo"
O que nos resta afinal senão a vida lançada aos ventos?

(Bobagem! Não falo nada com nada, admito...)

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