segunda-feira, 21 de outubro de 2013

O Papel Que Ninguém Quer Interpretar (Pedro Drumond)





O Papel Que Ninguém Quer Interpretar
(Pedro Drumond)

Até que ponto sua fome é maior do que a sua integridade?
Até que ponto os crimes alheios lhe dão direito de arquitetar
Sua própria clandestinidade?
Até que ponto as vertentes obscuras da humana câmara secreta,
Infelizmente tão discriminadas por nós mesmos,
Se rebelam contra nossa moral duvidosa
Pela nossa falta em aceitá-las,
Pelo árduo trabalho que temos de entendê-las,
Fazendo com que nossas feras
Ao invés de agirem como se fossem nossas guias protetoras,
Desertem, qual trogloditas, nossa pacata suficiência
Por mera falta de opção?

Confio no processo de amadurecimento
Entretanto quanto mais maduro tornar-se o fruto
Antes fora ou depois será a sua podridão
Somente os tolos se contentam com o que pensam saber
Embora os sábios, julgados insanos,
Se regojizam mais pelo desconhecido
Sábio é aquele que nutre o amor pela inocência
E uma paixão voraz dedicada uma certa espécie de ignorância,
Salvadora do espírito

A vida jamais permite que os seus itinerantes
Sigam um percusso reto, previsível, sem desvios
Sua força é como um megalítico
Imposto na corcundas da consciência - Ela sempre fará
Com que você se curve e passe pelo funil de outros patamares -
A vida não permite a integridade, o bom-samaritanismo
Ela abomina aqueles que não se sujam nas poças de lama
- Por medo, por tolice ou por virtudes cravadas de hipocrisia -
Aqueles que não brotam certa paz interior em meio ao caos ao redor
Aqueles que não aprenderam a sorrir dos cortes causados a cacos de vidro

A vida sempre fará com que você se desvie,
Se complique, se boicote
A vida sempre fará com que você tenha
Um leque de lembranças para se identificar,
Porém jamais concederá o direito de que você seja
Excelso a princípio - Posto que são os puros, os abnegados
Mais ameaçadores do que os degenerados,
Para a vida os límpidos são os assassínios da humanidade
Ela jamais há de querer que alguém não tenha suas falhas
Porque se assim houvesse, tais sujeitos impediriam a descoberta do acerto
Suporiam-se serem mais importantes que os demais
E não teriam a mínima empatia por aqueles ao seu redor
Apesar de haverem seres tão mesquinhos por aí
Eles o são pela natureza, não por distinção
A verdadeira justiça da vida é muito fina para se justificar nos comportamentos

A vida sempre lhe dará o papel que ninguém quer interpretar
Ela quer lhe por diante do mais próximo precipício
Afim de conhecer o mistério que mesmo criou
A única opção que lhe resta é decidir - Erro ou Maldade?
E entre essas lacunas a diferença é enorme!
Qual dos dois há de escolher?
Ao fazê-lo, cuidado - Só não diga a verdade!

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