sexta-feira, 2 de março de 2012

Tímido Elo (Pedro Drumond)



Tímido Elo (Pedro Drumond)

Um amor assim florido
Um amor que mais parece um jardim
Esse amor que tenho comigo
Esse amor que quando inverno
Jamais se agasalha ao fim

Esse amor que é tão singelo, tão distante, senão até bonito
Esse amor tão bem podado, mesmo que por ti não fôsse regado
Por que razão haveria de ser então esse meu amor tão intrínseco
Somente tua perfídia indiferença ou mero desconhecido?

Queimo-me por tantas vezes no impulso covarde dos meus cigarros
Por já estar morrendo no infinito que jaz-me tão latente
A felicidade não se criou em qualquer momento
No convívio do nosso pequeno espaço
Sendo assim desfaleço
Sem ter comigo sequer levado teu doce beijo

Ah, esse teu maldito beijo que jamais ungira
A fronte virginosa e até abortada
Dos meus rubros e não menos tristes lábios

Todavia ainda é saber que existimos
Pelo menos no mundo dos meus sonhos
E a próxima, meu amado, que hei de aprontar-te... ah, essa nem te conto!

Pois não foi a morte como resignação
Que ao tornar-me cônscio por vivo
Tivera eu, logo de imediato, havido de aceitar

Mas sim a minha única, senão mais penosa condição:
Visto que no longo devir, estaríamos separados
Minh'alma por mais que relutasse
Não poderia fazer nada contra, inútil ser-me-ia rebelar

Seja lá como for, antes mesmo do prelúdico momento
Onde nosso tímido elo tornar-se-ia desquitado
Por favor, meu bem...
(Ai... não sei se me calo, se espero, se aguento...)

Ah! Saiba que com a ânsia não posso mais
Revelo o que aqui me apraz:
Já que o amor condenou-nos tão visceralmente
Pouco aparentando perdoar-me
Ou fazer-te disposto a voltar atrás
Não permita que tudo termine no passado
Dai-me uma doce lembrança tua...
Posso ter-te ao menos o forte abraço?


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