sábado, 6 de setembro de 2014

Extremo Exílio (Pedro Drumond)






Extremo Exílio (Pedro Drumond)

Por quanto tempo resiste uma alma ao extremo exílio?
Por quanto tempo um amor ainda possui um nome,
Um nome possui amor, um amor por ninguém mais chama,
Alguém nada mais proclama, uma vida não mais se comporta
Mesmo sob as regras do seu próprio vazio? Extremo exílio!

A raiva transborda como hemorragia.
Nossas tristezas no final das contas
Serão o pouco restante de alegria.
Sou na verdade como um poema
Amaçado, rasurado, rasgado,
Esquecido na poeira do fundo de gaveta.

Não perambulo nos desertos,
Não me perco em mausoléus,
Não caio sequer em abismos.
Sozinho, sozinho, e isso é o que há:
So-zi-nho!

A vida tanto se cansou de mim
Que olvidou-se até de dar-me o fim.
Que me restará de uma fantasia que sou
Tão insípida, tão inóspita, tão idiota?
A vida nunca se deu conta de quando cheguei,
Dar-se-á conta de quando eu for embora?
Muito provavelmente não...

Sou um ser de suspiros....
Ser de extremo e único exílio...
Só isso... Sou um ser de coração.

Nenhum comentário:

Postar um comentário