domingo, 5 de maio de 2013

Verdades Torturantes


Verdades Torturantes

O amor expôs-se em demasia para mim. Sem armas, sem máscaras, e não planejando chegar a lugar nenhum. Mesmo assim levou-me a muitos outros portos da vida, sendo estes desconhecidos e inabitáveis, camadas de minh'alma que eu precisava aprofundar-me, afim de inventar a mim mesmo, ao invés de ser mais um rascunho ao meio de tantas outras criações universais. Mas em relação ao amor, não há nada que lhe passe direto ou desapercebido. Tudo é mastigado por ele.

O amor é só mais um navio que me despeja no meu destino, mas não fica à mercê da minha companhia. Não, ele dá partida em busca de outros novos viajantes para sequestrar. Até um tempo atrás eu era uma alma tangível, viva, transbordante, hoje eu sou apenas mais uma.

Nos desertos que caminhamos, muitas vezes nossos monstros internos são nossos únicos aliados. Não nos deparamos, como era de se esperar, com anjos alados e a inocência dos sonhos juvenis. Eu caminhei pelo meu deserto outrora, e vi o sol num céu de penumbras, qual o nosso amor, diamante reluzente, meio ao lamaçal. No entanto, enxergando tudo nessas condições, percebo com mais fidelidade e clareza, que nenhuma esperança poderia me confortar plenamente.

Não nasci para as mesmas vivências dos habitantes do mundo lá de fora, com seus castelos e ruínas  Seja lá quais forem, meus ganhos e percas são absolutamente desconhecidos dessa parcela. E essa percepção, de uma certa forma, é semelhante a de muitas outras pessoas por aí. Para o mundo, podemos nunca ter saído do nosso lugar, mesmo que sintamos o quão além nos desdobramos até nos deparar com as verdades torturantes que nenhum outro mortal saberia como nós velejar.

Não sou mortal, tampouco imortal. Muito pelo contrário - sou desastrosamente vivo!

Pedro Drumond




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