domingo, 5 de maio de 2013

Estranhamente Poetas


Estranhamente Poetas

Nós somos um acidente, um erro da natureza, um impulso trágico e medonho. Permeamos nesta fronteira, estamos vivos, emaranhados na vida e ao mesmo tempo tão distante dela. Somos rastros de astros que um dia existiram e chocaram-se com outros que estavam em sua órbita, somos restos de elementos que agora não mais existem, vivemos num vácuo entre sonhar e estar acordado. Não podemos existir aqui, mas vivemos aqui, então o que fazer? O que fazer se o que respiramos na atmosfera nos é venenoso, como a rarefação de nosso desejos? Estamos asfixiados de realidade, inundados de cotidianos, quando somos tão ímpares no sentir. Nada nunca irá lenir nosso silêncio, e aqueles que nos curam, também podem nos matar. E matam. Por isso, nos entregamos, porque queremos mesmo é morrer, queremos uma morte lenta como os beijos deletérios. Quem somos nós? Ah, chamam-nos estranhamente de poetas!

Pedro Drumond & Cibele Oliveira




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