segunda-feira, 29 de abril de 2013

Nosso amor é um buraco negro...


Cantamos a mesma canção, seguida à risca do próprio amor silente a rasgar nossas turvas almas, que padecem do mesmo suplício, fixando suas últimas percepções de vida nos olhos da exata besta que as encara, sugando-lhes o ardor, assassina da suas paz e de nossas venturas.

Confesso que adoro e lamento ao mesmo tempo, o instante em que declaras alguma máxima de tuas confissões, extraídas de uma vida sem sentido pessoal, usando da mesma naturalidade inocente com que a luz acena para o sol, condizendo com precisão ao que seria o mesmo que eu tenha a dizer, a sentir e a principalmente defender. A mudar o nome dos personagens que nos açoitam, em suma diria que somos o mesmo coração.

Cibele, nosso brilho é cadente, qual as estrelas da mesma estirpe. Ele passa com a rapidez de um piscar de olhos, assim como o amor que nos fora oferecido, com a seguinte instrução de fazermos à ele um desejo inconfessável, que se realizasse magica e subitamente. Ah, se soubéssemos que a sua maior diversão é debochar com altivez de nossa entrega logo em seguida de vibrarmos exceptivamente  como um velho que desdenha dos jovens ávidos de vida e esperanças... Ah, se cogitássemos tal tramoia...

Ao fundo desse cenário onde percorremos quais estrelas cadentes, é a escuridão entre-aberta do nosso céu notívago de cá e o resto do universo pálido de lá que nos abraça. Quando o amor nos testemunhar, que ele não peça nada de nós, pois estamos isentos de tudo. Apenas que ele se preocupe com quão profunda foi nossa queda e quão insignificante se comprova nossos ferimentos e segredos.

Nosso amor, minha querida, não passa de um buraco negro.

Pedro Drumond



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