domingo, 13 de abril de 2014

Brasília (Pedro Drumond)







Brasília
(Pedro Drumond)

Brasília...
Pacata, limitada.
Corpo sem alma.
Sexo sem tesão.
Registro sem identidade própria.
Parida sem sequer nascer.

Brasília...
Aparência sem essência.
Conteúdo sem personalidade.
Rebeldia pessoal.
Clandestinidade coletiva.

Brasília...
Muita magia para pouca elite.
Pouca elite para muita distinção.
Brasília pulsa sem ter adquirido
Sequer um singelo coração!

Vá a padaria, olhe para o seu próximo.
Descubra uma grande ironia:
Dar atenção sem interesse,
Receber atenção sem justificativa,
Olho no olho, sorriso ou simples presença,
Quem sabe um: "Bom dia!".

Qual é o nome do seu vizinho?
Converse com seus amigos.
Largue o diacho desse celular!
Deixe as crianças serem só crianças
E quando estiver entre as pessoas
Finja que é gente, mas não revele-se um robô.

Já testemunhou o céu hoje?
Faz sol ou faz chuva?
E o que faz você com essa cara de bunda?
Cocô!

Converse - pare de teclar!
Enxergue - pare de ver!
Ouça - pare de escutar!
Sinta - pare de reagir!
Toque - pare de pegar!
Seja - pare de fingir!
Viva - pare de hesitar!
Morra - pare de não existir!

Coma o seu próprio banquete se for o caso
- Brasília te enche a barriga?
Credo! Pois para mim não passa de petisco.
Vou pichar os seus blocos cinzentos
De pura e impagável poesia:

Você não é boa de cama,
Mas vamos trepar logo, vamos Brasília?

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