sábado, 5 de maio de 2012

Eterna Poesia (Pedro Drumond)



Eterna Poesia

(Pedro Drumond)

Ah, como poeta já nasci chorando
Não menos pude viver, senão amando
Para finalmente morrer, sorrindo

Nesta vida de cicatrizes aconteci-me em letras
Sem sequer saber que um dia
Certamente tornar-me-ia o ser mais feliz do planeta

Numa manhã sorrateira
De céu tão sublime - ora, quanto frio!
Chegaste-me tu, muito bem acompanhado por sinal
Vinhas com olhos tão flamejantes
Pares esses amantes de um sorriso luzido
Expressando ao todo inigualável ternura
Qual nunca antes convidou-me a bailar contigo

E eu ali - céus, que loucura! - Quase partindo
Mas pude, contudo, salvar-me a ficar
Lembrei-me de dada canção
Melodias de linda história de amor
Mas em seguida desatou-me no peito certa dor
Havia quase esquecido-me: Juntos não podíamos cantar

Ainda atônito, meio desacreditado
Pareceu-me bem, se não estiver enganado, de avistar teu coração
Para mim se abrindo

Sem titubear, lancei-me em teus braços
E tu, tal qual querubim enamorado, surpreendeste-me
Prostrando em meu rosto um beijo simples e delicado
Mau sabias que nesse instante havias de ter me tornado:
"O Purificado"

Oh, Deus, diz-me, por quanto tempo com isso venho sonhado?
Quantas vidas tivera eu de morrer na espera desse bem-amado?

Sobretudo, o improvável provara-se irrefutável:

Regressando ao meu lar, cambaleando
Já embriagado de amor eu parecia estar, dispensava o pranto
Até que, subitamente, dei por mim desfalecido
Sim, em pouco tempo eu morria, todavia da forma mais magista

Nosso amor até então de oculto nada havia
Vou-me embora para além dos horizontes
Morrendo justamente no dia mais feliz da minha vida
Seu beijo em meu rosto foi bem claro ao dizer:

- Te amo, poeta! Não esqueça: Sou eu tua eterna poesia!

Um comentário:

  1. Você em si, meu amigo poeta, já e a poesia acontecida, viva e linda!

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